quarta-feira, 14 de março de 2012

Culpas

Cheguei a casa às 20h45.

Por mais que acredite que sou uma pessoa com um pensamento evoluído e actual, simultaneamente, dou por mim a sentir-me mal. Cheguei já era noite. Não dei banhos, não dei jantar, não vesti pijamas, não conversei, não brinquei. Tive uns poucos minutos com os meus filhos que apenas me perguntaram se fui correr. Não gostam que vá.
Por norma tinha o hábito de deixar as "minhas coisas" para o fim. Para último. Quando acabavam de adormecer, eu batia com a porta. Chegava muito mais tarde a casa mas, tinha lá estado. O meu espirito de sacrificio estava bem activo. Ultimamente, contudo, não tenho tido forças/motivação para tal e, por isso, vou num horário intermédio. Confortável. Cómodo. Mas... não estou. E isso incomoda-me. Porque sinto que EU é que tinha de desempenhar aquele papel. E se não o desempenho para meu belo prazer, mais grave. Estou a falhar. Pensamento evoluído, não é? Mas é dificil ser racional e objectivo quando o cerne da questão é emotivo. É tudo uma questão de equilibrio, é verdade... e eu vou tentando... e acho que conseguindo. Se calhar hoje estou mais sensível. O acidente com todas aquelas crianças teve um impacto grande em mim. Não imagino tamanho desgosto. Não imagino tamanha dor.
Vou cheirar os meus filhos.

4 comentários:

  1. Também senti isso quando vi a notícia no Sapo. Não a abri. Não vi o telejornal. Não quero saber mais. Bastou-me o título...

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  2. Ninguém imagina e esperemos bem que assim seja para sempre.
    Acho que todas as mães e pais deste mundo, que viram esta notícia, sentiram o mesmo :(
    e é verdade esse sentimento. É muito básico, não se coaduna com mulheres livres, trabalhadoras e independentes, mas eu sinto o mesmo.
    E obrigo-me a ir à ginástica à h do almoço quase morrendo com uma apoplexia entre o corre para o ginásio, faz aula, corre para o banho, engole uma sopa, corre para o trabalho novamente!
    E tudo para que os petizes tenham a mãe inteira ao fim do dia.
    Tb não acho o ideal, mas realmente não adoro as outras alternativas...

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  3. senti-me estranhamente bem a ler isto... porque vivo sempre cheia de culpas. quando tiro tempo para mim sinto-me culpada por não estar, mas se não tiro sinto-me culpada por não estar a cuidar de mim. vida lixada, não é?...

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  4. Ai a culpa, sentimento que depois de sermos mães ainda nos deixa mais à nora.

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