Há pessoas que são dotadas de bom
senso e outras que, simplesmente, não! Eu sou o exemplo do caso negativo.
Inocentezinha, pensei como seria libertador ir de férias sem internet. Como
seria saudável desprender-me desse vício que é espreitar a vida alheia ou
partilhar a minha própria. “Vai-te fazer bem!”- pensei eu… Que parvoíce! Estive
limitada, durante uma semana, a uma televisão que para além dos quatro canais
portugueses (que param de cada vez que a TDT nos lembra como somos fraquinhos),
brindou-me com mais uns duzentos que falam uma língua que eu simplesmente
abomino. Ah… e pior. Para ultrapassar a carência de futilidades muni-me de
revistas cor-de-rosa. Para além de me ter apercebido que não conheço a nata da
sociedade portuguesa, vejo agora que toda a gente “tem projectos” menos eu!
Qualquer menina que transpire saúde e beleza (e maminhas perfeitas) tem vários
projectos. Mas nada pode dizer ou contar. Não sei se é pura avareza ou estão de
conluio com os editores das revistas. Julga aquela gente que nos prende- tipo
telenovela- a um desenvolvimento profissional que se concretiza após Setembro?
Se contam que eu compre mais alguma revista estão redondamente enganados. Já
percebi que há gente que se separou, gente que se voltou a juntar, outros que
declararam falência, alguns que transpiram cocaína e toda uma dinâmica
relacional/amorosa digna de resultar em crime passional. Sou menina até para
comprar O Crime. Creio que não acabam o verão sem assassinar alguém com um
chapéu de sol ou com um espeto da grelha. E as crianças? Que felizes nas suas
roupas a combinar, cavalgando em cima de animais e convivendo com os seus novos
irmãos, resultado do mais recente amor de verão dos seus papás que agora
descobriram a razão de viver (pelo menos até Setembro)… Ah… quem é que
necessita de internet? Eu. Admito. Assumo. E quando é que me apercebo desta
terrível realidade? Quando, pela primeira vez na vida, dei por mim a ler o
Record na praia. Fustiguei-me até mais não...
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