quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Fraldas, chuchas e amendoins

Estava aqui a pensar que isto da maternidade começa a complexificar-se na direta proporção da altura das crias. Enquanto passava pela tormenta dos chichis nocturnos, pelas resistências em largar chuchas ou pelos medos associados à entrada na creche/infantário/escola achava que isto era coisa dificil. E nada mais dificil seria! Uma pessoa estava cansada dos afazeres profissionais e ainda tinha manter a casa com ar respirável e crianças (e eu própria) com aspecto aprumado... e tudo isto me parecia demasiado penoso para a minha pessoa. Tinha a secreta esperança que os miúdos quando dormissem a noite toda, comessem a mesma refeição e andassem sem ser a correr e a cair, a minha vida voltava ao que era antes. Com todo o amor acrescido, claro! Eis senão quando ouço um telemóvel no bolso do casaco da minha filha. Foi aqui que percebi. Quer dizer, percebi antes mas... tive agora a certeza. Agora é que é. E agora não há blogs fofinhos que partilhem experiências pois fotos de crianças maquiavélicas com telemóveis escondidos no vestuário NÃO constituem momentos bonitos. Bom, mas o alarme tocou e a minha filha ficou verde. "... A Marta deu-me um telemóvel..." Respirei e falei com calma. Percebo a pressão das restantes crianças sobre a miúda. Sei que ela quer muito ter um telemóvel. E fui fofinha. Mas reiterei a minha posição. Não acho que seja importante uma criança de 9 anos ter um telemóvel. Não há necessidade nenhuma pois está sempre contactável. E tinha sido um não por isso não havia lugar a um sim... Assim, e com calma foi instruída para devolver o objeto. Não devolveu. E eu ansiei por fraldas e chuchas e chichis nocturnos e pensei como eram peanuts face a isto. Não encontrou a amiga (que é da mesma turma!), que não foi, que não viu, que não falou...
 
Parei aqui. Li o texto todo novamente como costumo fazer quando não sei como avançar mais. E dei por mim a sorrir. Porque me lembrei que a dada altura da minha vida (que não vou especificar) fiz um forro para a minha mala com uma entrada secreta. Todo um compartimento para esconder a pílula contraceptiva que comecei a tomar sem dar conhecimento aos meus pais. E correu tudo bem. Porque apesar de ter sido à revelia, de ter sido uma decisão tomada de forma autónoma e contrária àquilo que os meus pais desejariam, foi um sinal de maturidade e responsabilidade. Vendo bem as coisas, há lugar para os segredos, para a rebelião e para a desobediência. Faz parte e não é grave. Vou retirar deste episódio aquilo que ela me disse primeiramente. "Mamã, ainda bem que ouviste pois eu já não aguentava este segredo."

8 comentários:

  1. Filhos criados, cuidados redobrados, nunca acreditei tanto neste provérbio. Há 7 anos quando nasceu o meu filho queria que o tempo voasse, agora sei que o trabalho e as preocupações crescem em nós com o crescimento deles, assim como o nosso amor se intensifica cada vez mais dia após dia.

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  2. Que amor de menina. adorei sentir o alivia da sua filha. :) beijinhos.

    http://pontofinalparagrafos.blogspot.pt

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  3. Pedagogia
    Tenho a dizer que fizeste um brilhante trabalho com esta criança. Eu um dia fui apanhado da mesma forma pelos meus pais. Não com um telemóvel, mas com um jogo de cartas que é o meu hobbie de hoje em dia. A minha mãe, quase 20 anos depois, ainda refila, mas vai tolerando! A tua cria (com todo o respeito) vai-te respeitar ainda mais a partir deste dia, qualquer que tenha sifdo o resultado da cena!

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  4. Os filhos não vêm com livro de instruções e nós pais também não temos e até digo, ainda bem! Não temos manual para pais nem filhos pois não íamos cumprir. Há coisas que me lembro de, como mãe, pensar: "não cedo", "não dou", "não faço" numas fui intransigente, noutras nem tanto ... expliquei sempre mesmo que mudasse de opinião pois o respeito mutuo para mim é isso ...e os filhos, apesar de crianças merecem e precisam disso.Apesar de serem crianças um "não " porque "não" ninguém gosta. Afinal como mães/pais , às vezes exigimos um procedimento que leva a esconder, à mentira ...aquilo que já nos fizeram e transmitimos ...como compreendo isso . E não é critica ..é assim mesmo! Crescer como filhos e como pais para mim é isso ...vão acontecer situações como essas podes crer... é bom sinal . Trabalho e estou em contacto com crianças e oiço tanto.. Viver e educar exige "trabalhar" um equilibrio instável sem manual! Vai correr tudo bem , afinal a tua filha acaba de uma forma excelente "não quer ter segredos", isso é bom, muito bom mesmo !! Beijinhos

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  5. É como dizem..."a infância só custa, os primeiros 40 anos..." :)

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  6. É como dizem..."a infância só custa, os primeiros 40 anos..." :)

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