terça-feira, 8 de outubro de 2013

Terrorista Júnior

O meu filho está muito doente. Acordou a meio da noite com muito calor. Tirou a tshirt e informou-nos que estava cheio de febre. Mais tarde quando acordou chorou até mais não. Dores de cabeça, dores de barriga e muiiitas dores de garganta, foram os sintomas relatados. Quando o mandei telefonar à minha mãe, arrastava-se pelos corredores. Um pé atrás do outro até ao meu quarto. De tronco nu, corpo curvado e cabelo em desalinho pediu à avó que o acolhesse. Mas informou-a do seu estado. "Estou muito doente". A avó de cinco filhos fez a pergunta chave "isso é fita?" mas o miúdo não se desfez e verbalizou um "não" choroso. Sempre a torcer o nariz informei-o das implicações de faltar à escola, sem motivo de aparente gravidade. Ainda sob lágrimas reiterou o seu estado. Atestou a veracidade dos factos impondo maior carga dramática à situação. Lá acedi e pedi-lhe que se arranjasse. Telefonei à escola e informei o ATL enquanto pequena criatura foi tratando dos seus afazeres. A irmã ripostou. Alegou que só a dispensavamos da escola se estivesse a arder em febre... Não contra-argumentei e pisquei-lhe o olho pedindo-lhe, em silêncio, compreensão. O pai seguiu-me os passos. Referências ao futebol foram feitas mas nada demoveu a criança. Estava definitivamente impossibilitado de se deslocar a estabelecimento escolar. Decisão tomada. Com rotinas alteradas acabei por chegar atrasada ao trabalho não sem antes levar enferma criança a casa da avózinha. Sempre calado com rosto lamurioso. Ainda o observei a sair do carro, munido das coisas típicas de criança doente: benuron, brufen, termómetro, mantinha, peluche fofinho, PSP e mesa de snooker portátil!...
Acabei de ligar à minha mãe. Nem um vestígio de prostração, maleita ou alteração de temperatura. O miúdo está são quem nem um pero. Fresco como uma alface numa horta. Contente a ver televisão no sofá da sala.  Feliz pelo descanso proporcionado pelos compreensivos e fofinhos papás pelos pais tansos que tem.

9 comentários:

  1. Coisas que apenas acontecem uma vez... da próxima lá irá ele a arder em febre, corado e com tremores, levando a mochila da escola com duas tomas de ben-u-ron e outras duas de brufen... além dos livros e o saco de educação física... cá se fazem, por aqui se aprendem... :)

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  2. LOL...a minha ja mandou a educadora ligar por estar cheiinhaa de dores de cabeça, e muito prostrada...fui buscá-a aflitissima, liguei ao pediatra, e dois minutos depois de chegar a casa e um chá depois estava optima! :S

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  3. Adorei! Mas venho demonstrar um pouco de solidariedade para com o seu filho...Tenho memória de em criança ter sofrido dessa maleita (Uma vez, vá lá) :).

    (Haverá algum motivo para ele não querer ir para a escola?)

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  4. Fiz isso uma vez à minha mãe. Mas as dores eram de barriga. E ela "foi" na conversa. Deixou-me faltar à natação. Levou-me ao médico, esperámos vez, tudo como manda a lei. Ele percebeu a piada e disse-me que pelos sintomas só podia ser uma apendicite e fez a respetiva apalpação. Foi remédio santo. :) às vezes é preciso estes métodos pouco convencionais para certas crianças que só aprendem com uma lição prática! :)

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  5. A minha também deu um ar da sua graça dentro do mesmo "raio de acção". Se tiveres paciência vai lá espreitar o post.
    Só espero que esta "esperteza/inteligência" seja de grande utilidade pela vida fora, porque com esta preguiça, vão precisar!

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  6. Quando o meu começa com essas conversas, dirijo-me para o hall de entrada e digo-lhe para calçar os sapatos que vamos para o hospital... é remédio santo, fica logo bom!

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  7. Ensinou-lhe que a mentira compensa, assim como a birra... ele ganhou e venceu a dele. Cuidado para não se vir a arrepender.

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    1. Ná!!!! Permiti -lhe um momento de mimo. Afinal de contas todos nós às vezes precisamos... ;)

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