Isto da maternidade é uma aprendizagem. Costumo dizer, em jeito de brincadeira, que com o primeiro filho, telefonamos ao pediatra de cada vez que espirra, no segundo vamos ao centro de saúde, com um ar culpado e arrependido, para dar as vacinas aquando da entrada na escola primária e... no terceiro, bem, aí só em caso de fractura exposta ou saída de sangue em jorro é que vamos ao hospital. Isto para dizer que aprendemos a relativizar. E a descontrair. Lembro-me que com a minha filha, gastei este mundo e o outro em acessórios nunca utilizados. Comprei roupas e roupinhas utilizadas uma única só vez (se tanto). Li livros e interessei-me por "cenas". Quando chegou o meu filho, acho que introduzi ao mesmo tempo a sopa, a papá e a fruta. Não tomei nota do primeiro dente caído e com muito, muito esforço lembro-me de datas importantes. Antigamente zangava-me com a minha mãe pois não se lembrava de nada de mim (e eu era a única menina de cinco filhos!) Perguntava-lhe se dormia bem ou com o que é que gostava de brincar e obtinha um sorriso amarelo. Percebo, agora, este esquecimento. E percebo que nada tem a ver com amor. Não me lembro de muita coisa dos meus filhos. A minha mente foi descontraindo e fui sendo mãe, cada vez com mais coração, e cada vez menos preocupada com a razão. E quanto mais presente era esta postura, esta segurança... mais forte o chamado instinto maternal. Mas dizia eu que isto da maternidade é uma aprendizagem. Lembrei-me disto porque faltam uns poucos dias para o aniversário do meu filho e só hoje lhe perguntei qual a prenda que queria. E não vou fazer cinco festas e cinco bolos. Não vou desdobrar-me em pesquisas, convites e numa espiral de planeamento equiparada a uma festa de casamento. Não vou fazer um ficheiro excel com nomes de crianças, pais e contactos telefónicos. Não vou comprar decoração, nem mobilizar meio mundo para as inúmeras tarefas associadas. Esqueçam os sacos de gomas e lembranças! Finalmente aprendi! Comecei com mega festas. Na escola, no ATL e na nossa casa no dia e no fim-de-semana seguinte, num qualquer espaço infantil, para culminar novamente no lar, agora para família e amigos. Parou!! É uma celebração e não um castigo. Assumidíssima a minha negação. Adoptei todo um outro modelo. Faço eu o bolo e um só bolo. O miúdo convida uns três amigos e fazemos um programa à sua escolha, durante toda a tarde do seu dia de anos. Vendo bem, mais do que uma aprendizagem, é uma evolução. Parabéns... a mim!
Só tenho um filho, mas sou fanática assumida do descomplicar! Parabéns a ti!
ResponderEliminarParabéns!
ResponderEliminarDiz que o primeiro filho é de vidro, o segundo de plástico e o terceiro de borracha. Mas olha que eu sou 3ª e como cobrei toda a vida à minha mãe não ter um álbum de fotos minhas, criei um blog (privado) onde vou deixando as recordações deles - dentes, gracinhas, fotos e vídeos - para a família ver.
ResponderEliminarViva o descomplicar - tantas vezes desfaço complicações criadas só por mim. Bem bom.