Animal com “é”= estagiário

Vou só ali realizar uns sonhos e já venho!- Foto e palavras do Luís

A verdade é que não conhecia bem o Luís. Era um miúdo. Foi sempre assim que o tratei. Por miúdo e não por Luís. Ao princípio não notei a sua presença. Mal dava conta da sua entrada sempre discreta. Costas ligeiramente curvadas, lenço ao pescoço e passadas leves. Quase em pequenos saltos. Entrava a sorrir e assim se mantinha. Fui descobrindo na sua timidez e acima de tudo educação, um caminho. Encantava-me o seu jeito sempre respeitoso. Com cuidado foi reagindo às minhas constantes provocações. De uma secretária para a outra, só sorria. Até que começou a rir. Muito. Quando começou a responder-me, encontrei-lhe o humor e a inteligência. E gostei dele. Genuinamente, gostei dele. Miúdo trabalhador e acima de tudo, generoso. Diria eu: na profissão certa. Tive assim pena quando acabou o seu tempo ali. Mas o miúdo era ainda um miúdo. E desejei-lhe mais história, mais vida. Melhor sorte. Não fez por menos. Há dias foi visitar-nos. No dia seguinte partiria de mochila às costas para, durante três meses, conhecer a América do Sul. Só porque sim. Porque é a sua viagem de sonho. E concretizar o seu sonho é, para o Luís, assim… natural. Pensava nisto agora. Como às vezes definimos objectivos só porque os consideramos inatingíveis. Como que de propósito. Não faz mal não os alcançarmos porque de facto eram muito difíceis. Todo um pacote sonho+desculpa. Já nem falo daqueles que exigem apenas um pouco de trabalho e de dedicação. Ou dos pequenos, pequeninos, que nem nos lembramos que são efectivamente sonhos. Eu sei qual é a minha América do Sul, Luís. E ando cada vez mais perto.

Obrigada pela inspiração.