quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Mas amores

Há dias ouvia na rádio uma entrevista a um humorista bem conhecido. Com a tarefa de produzir pequenos sketches diários manifestou a sua constante angústia. Dizia que dormia mal e sentia-se ansioso por nem sempre encontrar o que dizer. O que contar! Achei curioso ter partilhado este sentimento. Quase fragilidade. Talvez porque quando penso em indivíduos com um trabalho reconhecido nos domínios da comunicação, penso que lhes é natural e fácil. E não comparando com a minha escrita (?!?), senti-me aliviada. Numa espécie de marasmo criativo que me assola dia sim, dia não, senti-me confortada por ser uma situação que, no fundo, sei que é comum. Ao mesmo tempo, tive a certeza. De uma forma amadora, num nível não comparável, sei que a escrita é um pequeno amor para mim. Faz parte de quem sou. Talvez tenha sido o meio que eu inconscientemente escolhi para ligar-me aos outros. Nem sempre sou pessoa de muitas palavras. Uma timidez que se nota quando falo, às vezes por meias palavras, face ruborizada e olhos no chão. Faz parte de mim. As palavras, as histórias, o som do teclado... a verdade é que gostava de escrever sobre tudo. E a todo o momento. E a verdade é que sofro quando não o faço. Tal como sofro quando não consigo ir correr.  Respirar...  São como amores. Nem sempre fáceis. Nem sempre felizes. Às vezes sofridos. Mas amores.
Outro amor, na minha pele


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