domingo, 9 de março de 2014

Queixo levantado. Com outra música.

O dia do meu casamento não foi muito feliz. Estava nervosa com uma série de constrangimentos mas, acima de tudo, detestei ser o centro das atenções. A ideia de atravessar um corredor e ter toda a gente que conheço a olhar para mim foi suficiente para condicionar a minha alegria do dia. A festa não era importante para mim. Tinha pressa em começar a viver o que desejara. Tinha pressa de iniciar a vida com quem eu queria. E essa pressa revelou-se minha inimiga. Com a vergonha que me caracteriza, recordo-me de ter dado indicações ao DJ de serviço para acelerar a valsa. Foi assim que disse, apesar da minha intenção ser outra: encurtar o momento. Mas ele cumpriu o que ouviu. Literamente. Ecoou um som alterado e a música lenta e romântica deu lugar a algo bizarro. Dançámos a rir até às lágrimas numa coreografia indescritível. Hoje lembrei-me deste episódio quando me vi sozinha em frente à lente. Quando todos os outros ficaram para trás da câmara atentos a cada traço meu. Fiquei nervosa mais uma vez. Mas não desejei que acelerasse. E muito menos que fosse encurtado o momento. Não tive a pressa de outrora. Ignorei o quente da minha face envergonhada e apreciei todas as vezes que virei a cara para sorrir. Tenho a certeza que se hoje atravessasse o mesmo corredor e dançasse na mesma festa, teria parado o   DJ. E teria pedido que recomeçasse, com uma música de jeito. Aqui está a diferença. A lente não mudou assim tanto. Já eu... 

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