quinta-feira, 1 de maio de 2014

O primeiro dia de praia na óptica do meu cérebro

Praia! Yeah! Calor no corpo, sol nas pálpebras, pé na areia, água fresca. Maravilha. Ora vamos lá! Onde estão as toalhas, cartas, raquetes, chapéu de sol e afins? Na última prateleira da arrecadação, pois claro! Protector solar fora da validade. Sandes de ovo, água congelada, chapéus dos miúdos. Fruta cortada, fruta inteira, bolachas para disfarçar. Check! Calções dos homens sem cor, biquínis lassos, roupas extra e chinelos ressequidos. Como uma cigana que reúne os pertences num pano preto, monto acampamento. Duas a três horas de preparação, imbuída de um entusiasmo que está prestes a morrer. Tudo a vestir e olho de relance. E a questão surge: como raio é que vou tirar a roupa em público? Hum. Onda aqui, montinho acolá, puxa o pano para um lado, destapa o outro... Na casa de banho do conforto do lar, a gravidade da situação vai-se dissipando. Bah, está tudo mais ou menos bem! Miúdos leves e soltos, pais carregados até aos dentes, rumo ao areal. Amigos e mais amigos e agora a população em geral. Despejados os objetos em areia quente, os miúdos correm em direcção ao mar. Olho em volta. Só as vejo a elas. Biquinis reduzidos de cores brilhantes entram-me pelas órbitas adentro e atingem-me o cérebro. Arrumo tudo devagar. Arrumo este mundo e o outro. Devagar, não sei se já disse. Continuo a ver os corpos rijos e tonificados, maminhas no sítio certo e ondas onde é suposto haver. Parece-me que sinto algum frio. "Não, ainda não vou despir-me! Estou com um bocadinho de frio." Se calhar estou doente... (Desejo) Elas continuam à minha frente e eu sorrio ao mesmo tempo que me ocorrem pensamentos psicopatas. Mas o sol parece tramar-me e foca-se na minha figura. E o frio já não faz sentido. E já não quero saber das moças boazudas muito embora faça promessas internas de corridas de 20km. E a roupa sai toda. Faço-o olhando para os lados, como se o público aguardasse este momento. Nada acontece e eu já não quero saber. Quer dizer... Mais ou menos. Não fico em pé e muito menos sentada. Deitadinha como se de um grão de areia me tratasse. Pedregulho....Vira para um lado, vira para o outro. "E não, não te vou buscar nada, pois agora não me posso levantar!" (Temo que alguma dessas gostosuras me cuspa) Agora a água! Gelada no meu corpo a arder. Molha aqui, molha acolá, qual jovem de 85 anos. "Não, não preciso de creme! Claaaaaro que já coloquei!" "Jogar raquetes?" Puf! Tenho que ler esta revista e perceber porque razão Fanny deixou o seu namorado de 12 anos. Tudo jóia, tudo maravilhoso. Vira para aqui, vira para acolá, sossogadita para as tipas rijas não me verem. As horas passam e sinto finalmente que a praia é minha. Reúne-se então o material de veraneio e rumo a casa. Mais três horas a sacudir toalhas, lavar fatos de banho, chinelos e afins, ao mesmo tempo que se controla duches, cremes e areia que se espalha por toda a superfície do lar. Volto à mesma casa da banho. Tiro a roupa e o cenário não está melhor. A pele está... Como dizer... A arder! Vermelha, inflamada. Movo-me agora com apenas uma toalha. O creme branco está disposto em camada grossa e enfrento dificuldades de contacto. Com a cama, com o sofá, com a roupa, com o ar. Estou uma verdadeira brasa. Agora sim, estou igual a elas. Quer dizer... Não estou. Mas estou uma brasa! 

6 comentários:

  1. Adorei, até porque é assim que me sinto nos primeiros dias de praia!
    Com excepção da pele em brasa que a minha cor morena protege-me em parte (e também sou um bocadinho maníaca com os cremes protectores).

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  2. Faz como eu: mesmo com um calor abrasador, continuo de meias :P

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