quinta-feira, 10 de julho de 2014

Uma espécie de escrita mental

Terrível defeito, o meu. Chato. Quase obssessivo. São as malditas datas- aquelas que eu gravei na minha memória e que me vão ditando os dias do presente. Sou assim. Se hoje é o primeiro dia de concertos, bem perto de mim, lembro-me deste mesmo dia, há três anos, depois de uma boa tarde, abraçada à minha Rita, a ouvir ColdPlay. E lembro-me do ano passado, entre idas e vindas do hospital, duas horas naquele chão de pó, com o meu marido, numa vã tentativa de abstração que durou muito pouco- sem prazer ou mínimo interesse. Hoje é isto, amanhã outra coisa qualquer. Penso naquilo que assinala o dia e comparo-o com outros iguais, distantes no tempo. Sou assim. Transportando uma espécie de tabela mental, com variáveis que quase se tocam. Sou assim. Em constantes comparações. Estou agora deitada na minha varanda, em absoluto silêncio, a ver as estrelas. Veio a data. A última vez que me lembro de as ver. Ver assim, mesmo. Foi por esta altura, há muitos anos, numa casa antiga, na ilha de São Miguel, numa cama no meio de um sótão, com janelas para o céu. Mais ou menos por esta data. Sou assim. Chata...

2 comentários:

  1. tenho essa mesma fixação por datas ao longo dos anos. e há algumas que por muito que me esforce continuam a comandar os meus humores...
    bjnh!

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