terça-feira, 3 de março de 2015

|Mini-reportagem de um desafio| 28 de fevereiro

Corri 16k. O tempo foi péssimo. Talvez um caracol me ultrapassasse, uma tartaruga, pelo menos. Parti de casa e enfrentei uma dura subida de exatamente 1k. Não parei nunca e até me senti bem. Até chegar a casa da Marta fiz mais ou menos três quilómetros. Descemos por Algés, atravessamos a linha do comboio para o outro lado. Conversávamos mas eu pensava em silêncio. Estava com medo do meu corpo. Foi-me diagnosticada uma hérnia discal e umas quantas vértebras calcificadas. Só lhe perguntei se podia continuar a correr. Anuiu mas na verdade não fui muito clara. Podia ter dito que não se tratavam de dois ou três quilómetros... não disse e ele deixou. Contudo, sinto uma barreira perto dos 10k. Começa-me a custar pousar o pé direito no chão. A parte interna dói a cada pisada e eu vou saltitando concentrando-me em pisar a parte externa. Entre a ultima e esta corrida andei aflita. A hérnia comprime o nervo ciático e custa até adormecer. À dor no pé acrescento o formigueiro no joelho e toda a perna presa. Hoje corria assim. A falar, a ouvir e a pensar nas dores que tinha, nas dores que estava a provocar, nas dores que me podiam inibir. Passei os 10k com cautela. Cheguei aos 16k com felicidade. As dores foram suportáveis e senti-me próxima do meu objetivo. São agora 23h37. Estou deitada. Hoje foi um bom dia.








[Obrigada Sr. do café da estação da CP de Algés. Um copo de água ao quilômetro 15... foi um Magnum Amêndoas numa noite de verão. Desculpa Marta pela laranja e pela banana que comi em tua casa. Obrigada Rita por me teres ido buscar e por teres feito o jantar]

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