quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Apalpões e idas ao poste

Eu sei que isto não vai soar nada bem, mas... que saudades do tempo em que, nós as meninas, levavamos uns apalpões... no caso dos rapazes, que sofriam com umas idas ao poste... as belinhas...ou os roubos mesmo ali no bar sob o nariz das auxiliares... Não havia cá queixas, nem ajuntamentos de pais nos portões da escola.
Tendo estudado na antiga Escola Preparatória de Miraflores, mesmo ao lado da Pedreira dos Húngaros, muito fugi eu....muito corri e ameaçei quem me chateou... muito agarrei as minhas saias...o dinheiro que escondi nas meias...muito fiz pela vida! De chave de casa no bolso, percorria uns bons metros fracamente iluminados, sempre a olhar para trás. Era obrigada a isso. Não havia alternativas. Mas essa luta pela "sobrevivência", parece que nos fortalecia, bem ao género dos filmes americanos alusivos ao clima prisional.
Hoje em dia, as coisas são bem diferentes. Sob o rótulo desse fenómeno do bulliyng (que de repente emergiu!!), todos estas situações ganham uma dimensão de proporção, na minha modesta opinião, exagerada. Obviamente que sou contra actos de violência como aquele que assistimos neste Verão em que duas raparigas espancavam violentamente uma terceira no chão. Muito embora me irrite muito mais o facto de tal episódio ter sido exibido sucessivamente ao ponto de eu ter conseguido memorizar a marca das calças de cada uma e o ângulo de cada golpe perpertado.
Mas claro. Isto não se pode dizer! Não é politicamente correcto.

E este é mais um exemplo da minha luta.

Entre aquilo que quero efectivamente dizer ou fazer e aquilo que devo transmitir em termos de acções.
Porque sou educadora! 

Hoje, a minha cria mais velha, relatou-me, sob intenso choro, uma discussão/agressão acontecida em contexto escolar. Situação actualmente enquadrada ao abrigo do famoso bulliyng... Minha filha que, nas suas palavras, "levou um chapadão na cara que quase lhe arrancou os dentes" (juro que foi assim que foi relatado!), suplicava que eu telefonasse à mãe da agressora, informando-a do sucedido e exigindo um pedido de desculpas. Se calhar outra mãe- melhor mãe- teria-se indignado e exigido explicações. Mas eu não concordo. E não consigo ir contra os meus princípios, por mais tortuosos que eles sejam...

Questionei a minha filha acerca da sua reacção.
"Bateste-lhe?"
R: "Não. Não se bate nos amigos. É feio bater!"
"Contaste à professora?"
R: "Não. É feio fazer queixinhas."
"O que fizeste, então?"
R: "Chorei. E pensei para dentro (tão querida) e decidi que não brinco mais com ela, até ela me pedir desculpa!"
"É isso mesmo! Não brincas mais com ela, se não te pedir desculpa. Tens muitas amigas, brinca com quem é teu amigo. Mas se a menina te pedir desculpa de forma sincera tens de aceitar porque toda a gente erra!"

Conclusão: obviamente que não telefonei a ninguém. Nem à professora, nem à mãe da menina. Elas- as crianças-, têm de aprender a resolver os problemas, entre elas, sem interferências. Tenho a certeza que amanhã estará tudo esquecido.
E eu, aguentei-me e não disse o que no fundo me apetecia. "Então a miúda é tão pequenina e tu não te viraste a ela?!"
Mas, ainda disse, baixinho, baixinho... não precisas bater, nem fazer queixinhas...mas podes empurrar....defender-te...
Não há mal nenhum em dar a conhecer todas as possibilidades existentes perante um determinado cenário...também é educar, ou não?

1 comentário:

  1. oh oh!!! bem me lembro dessa nossa sobrevivência na dita escola em que saía a correr de miraflores e só parava no pingo-doce de linda-a-velha.... todo um percurso com uma mochila praí com 10 kg... quase tantos como os meus nessa altura!!!!! Sobrevivi e estou viva!!! ;P bj

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