quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Da cama para a cama

Hoje, acordei às 4 da manhã. Pronta para a vida. A escuridão manteve-me no conforto que só a minha cama me oferece. Planifiquei mentalmente o resto da semana onde se incluem dois dias de labuta, mais dois dias de trabalho não remunerado e vá...algum lazer. Actividades escolares e lúdicas, treinos, saída de adultos e afins... roupas, ementas, compras, conversas, blábláblá...tudo pensado. Às 6 e pouco, como habitual, iniciou-se todo um rol de tarefas que podiam, perfeitamente, ter sido desempenhadas de olhos fechados, tal é a interiorização. Durante o dia, o empenho direccionou-se para múltiplos objectivos. Cumprir o estipulado, avançar um pouco mais. Telefonar à mãe, agradecer ao irmão, telefonar à amiga. Responder aos emails. Consolar um lado. Consolar o outro lado. Não interferir. Ouvir. Trabalhar, trabalhar. Comer e rir. Dizer parvoíces. Dizer coisas sérias. Afastar pensamentos. Aproximar novamente pensamentos. Ousar.
Trocar de roupa. Combinar logística do final do dia.
Correr. Correr. Correr.
Às 19h00, carregava nos meus braços molhados do esforço: casaco, mala, saco com roupa de trabalho, saco com compras, botas (abandonadas em detrimento dos ténis), chapéu de chuva (grande) e chapéu de chuva (pequeno). Ao meu lado criança pequena levava mochila.
Iniciou-se, então, novo ciclo. Banhos diversos. Roupas sujas. Roupas lavadas. Roupas para dia seguinte. Mochilas desfeitas e verificadas. Mochilas refeitas. Recados assinados, lanches preparados. Conversas cruzadas e jantar nos pratos.
22h00. O silêncio reina e compensa todo o esforço. Os meus dedos pressionam as teclas com uma destreza rara. Sobre os meus braços pesam duas cabeças pequenas. No meio da minha cama, estou eu. De cada lado, tenho um filho. Dormem. E eu não.
Estou sozinha e encurralada. Mas não importa. No meio de tanta rotina, tantas regras e obrigações, dou graças por estes pequenos, grandes prazeres.


Já não são os meus bebés. Mas são. Hoje são.
Estou sozinha. Ou não.

4 comentários:

  1. Obrigada!!
    Eu tenho força, muita força...mas também tenho algum soninho...

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  2. No fim de um dia cansativo nada sabe melhor que o aconchego dos nossos amores.

    As sestas que dormi com o meu filho ao lado ainda hoje as recordo. Os filhos serão sempre os nossos meninos, mesmo que sejam mais altos que nós, tenham voz grossa e já tenham força para nos pegarem ao colo.

    Um beijinho

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  3. Obrigada pelos vossos comentários!
    Ainda são pequenos mas já não me cabem no colo... ainda falam "axim" mas já não me cabem no colo...
    Já não me cabem no colo, mas eu continuo a dar...

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