segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Xi patrão"

Há pouco, por ocasião da Páscoa, perguntavam-me se tinha ido à minha terra... estranho ouvir isto. Não sei o que isso é. Nunca pisei a minha terra. Um paradoxo que, no entanto, é a minha verdade.
Nasci em Oeiras por um simples acaso. Os meus pais acabavam de chegar vindos de Moçambique. Sem raízes. Sem referências.
Cresci a “abrir a geladeira”, a “comer sorvete” ou a “mastigar swuingas”. O “ya” em vez do “sim”. O piripiri e a coca cola... elementos cruciais na gastronomia familiar assim como o caril (de tudo o que possam supor). As queixas deste clima e águas gélidas que caracterizam este mar e as relações entre as pessoas... 
Fui das poucas crias a nascer aqui e esse é um facto esquecido. Assume-se que somos todos de lá. E, no fundo, somos. Porque, apesar de nunca ter pisado a minha terra, é a terra que conheço. Esta terra onde nasci e vivo é apenas a circunstância em que me encontro.  Não, não fui à minha terra. Ando pela terra dos outros e vou-me apropriando.

2 comentários:

  1. e há sempre o "cá" e o "lá"... no meu caso, os amigos dos pais ainda perguntam: Esta já nasceu cá? Mas foi feita lá?
    E sem nunca ter ido "lá" conheço o clube, a ilha de moçambique, as roupas,... enfim, que saudades de lá!

    ResponderEliminar
  2. Eu vou á minha terra amiude. Não tivesse eu nascido no aviário, casa do povo ou maternidade Alfredo da Costa aka MAC. Mas gosto muito de ir á terra da mulher.

    ResponderEliminar