domingo, 6 de maio de 2012

N.º 2

"We don't flush number one"
Há tempos vi um filme que me levou às lágrimas. O tipico nerd conseguiu que uma rapariga engraçada trocasse dois dedos de conversa consigo. Daí a levá-la a sua casa não demorou muito tempo. Azar dos azares, lá estavam os seus pais para o envergonhar profundamente. Quando a moçoila questionou os anfitriões se podia ir à casa de banho, foi-lhe devolvida uma pergunta: vai fazer o n.º 1 ou o n.º 2? O rapaz ía rebentando com o cimento armado do chão para se enfiar no buraco e a rapariga... em silêncio e atónita ouviu a explicação que se seguiu. É que aqui em casa "We don't flush number one". Não creio que a preocupação era com o ambiente mas uma pura sovinice e javardice e, como tal, eu acarinhei este conceito com o maior dos carinhos. Assim, a frase que eu mais amo dizer quando alguém (que não me conhece bem) vem a minha casa e me pergunta onde é o wc, é: vais fazer o número 1 ou o número 2? Amo ver o  ar embaraçado e incrédulo quando, com a minha postura mais circunspecta e dissimulada, explico que naquele lar a primeira opção é livremente deixada a flutuar...
Não, não é só a Cocó na Fralda que se preocupa com esta problemática. A minha reflexão acerca desta temática é já antiga. Acho mesmo que vem de tenra idade. Devo ter colocado na cabeça que as princesas não íam à casa de banho. Não me passava pela cabeça que aqueles seres flutuantes e maravilhosos alçassem das suas vestes cintilantes para se sentarem numa sanita e produzirem sons e odores do mais obscuro que a sua existência poderia supor. Enquanto criança atribui tais acções a seres de uma categoria inferior onde eu infelizmente tinha que me incluir. Julgo que toda a temática relacionada com as necessidades fisiológicas foi vendo o seu potencial traumático crescer na correcta proporção das esperas que tinha de fazer para utilizar os sanitários naquela casa partilhada com 5 seres do sexo masculino. É CERTO que os seres do sexo masculino, também a este respeito, vêem aumentado o nível de nojice. Bom. Mas se em criança, assumi que a burguesia apenas fazia graciosamente chichi, quando passei à adolescência/juventude, transferi esta convição para as pessoas conhecidas e ilustres. Falo de todas as pessoas que conhecem. Simplesmente não as conseguia imaginar sentadas numa sanita com expressões faciais contraídas. Esta patologia infelizmente não passou com a idade. Continuo sem conseguir imaginar determinadas individualidades em processo de libertação de desperdícios alimentares. Estão a ver a Irina não sei quê (namorada do Ronaldo) a contorcer-se? Não consigo. Acredito que as pessoas conhecidas, com imagem imaculada, vão acumulando resíduos biológicos e, um belo dia, sem aviso prévio explodem. Acho que é muito mais provável e legítimo.
Não sei bem porque é que me lembrei de partilhar isto convosco. Talvez porque o meu caro anónimo mandou entregar este catálogo no meu local de trabalho...





Às vezes penso que os meus pensamentos e reflexões revelam algo estranho acerca da minha personalidade. Mas esta percepção negativa dura segundos. Não. Não é toda a gente que é capaz de escrever sobre cocó. Cada vez mais me convenço de que sou uma pessoa espectacular.

3 comentários:

  1. Também acho cada vez mais que és espectacular!!
    =)
    Luciana

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  2. Os americanos têm inclusive um dito para esta situação que aparece às vezes afixado nos WC: If it's yellow, let it mellow, if it's brown, flush it down (É horrível!! mas engraçado)

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  3. Cá em casa o n.º 1 também é livremente deixado a flutuar. Ambientalmente mais saudável.

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