sábado, 19 de maio de 2012

Na base estão as pessoas

Numa reuniao recente, o meu superior hierárquico máximo relatou um programa televisivo a que assistiu. O conceito prevê que directores de empresas de grande dimensão se infiltrem nas estruturas operacionais das mesmas e experienciem toda uma vivência que ultrapassa o conhecimento passível de ser transmitido pelo papel. Em palavras curtas, o chefe de uma grande organização norte-americana, sob uma identidade falsa, candidata-se a um emprego na sua própria empresa, para desempenho de diversas funções de base. Sob o pretexto da realização de um documentário acerca do "primeiro dia na profissão", é acompanhado por uma equipa de filmagem. Chega a percorrer, durante este processo, diversos postos de trabalho. Desde unidades fabris, a sectores de limpeza e armazenamento, apoio a clientes e inclusivamente vendas. E é simplesmente impressionante. O choque é indescritível. Vivencia a prepotência e arrogância de alguns superiores imediatos, o desrespeito pela política da empresa, o desconhecimento da história e missão...  Apercebe-se das dificuldades de desempenho de tarefas aparentemente simples e, acima de tudo, vive na primeira pessoa, diversos constrangimentos laborais. Conhece os colaboradores por detrás dos números. Os seus nomes, os dramas pessoais que enfrentam, o seu percurso profissional... E, ainda assim, apercebe-se que tem sorte. Dá de caras com personagens que "vestem a camisola"- chefes e colaboradores. Que compensam largamente os maus exemplos encontrados. Que defendem o nome da empresa, que dão o seu máximo e que são a razão do sucesso daquela marca. São eles a cara do produto que vendem, do serviço que prestam. A ligação com o cliente. Vi uns três episódios do programa "Colega Misterioso" na Sic Radical e posso-vos dizer que nem o chefe, nem os empregados, nem eu, no fim conseguimos evitar uma lágrima. É uma prática que devia ser colocada em prática por aqueles que dirigem organizações e, acima de tudo, por aqueles que têm sob a sua gestão pessoas. Porque só podemos dirigir e orientar- com sucesso- aquilo que conhecemos. Mais do que eficácia, produtividade e lucro trata-se, do meu ponto de vista, de uma questão de justiça.

3 comentários:

  1. Toda a razão. Só vi um mas gostei bastante.

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  2. Infelizmente esquecem-se de valorizar o bem recurso mais valioso num empresa, seja ela grande ou pequena, o recuso humano,os empregados, os que dão a cara.

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  3. Terminei mesmo agora de ver um dos episodios e gostei muito penso que todas as empresas deveriam adotar esta politica, pois devem sentir um pouco as vivências diárias.

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