quarta-feira, 2 de maio de 2012

Teorias

Gosto de ler este senhor. É verdade. Gosto da maneira fluída como escreve e, acima de tudo, agrada-me a maneira como expõe ideias. Mas em abono da verdade, acho que na matéria "casamento" posso colocar-me ao seu nível e opinar aqui um bocadinho. Quer dizer, não vou propriamente tecer considerações acerca "do segredo" para um casamento feliz mas, tendo presente a minha experiência, vou dar umas dicas que comigo têm resultado. Afinal de contas este ano celebro 20 anos de união (10 em modo namoro e outros 10 em versão mais real).
Só para introduzir a matéria vou aqui partilhar convosco um dos diálogos mais comuns entre mim e a minha cara metade:
Eu- Já não te posso ver à frente.
Ele- Tens de ter paciência. Vais ter de apanhar comigo até ao fim dos teus dias.
Eu- Tudo bem. Desde que eu me vá divertindo por fora.
Ele- Ficavas sem dentinhos....
Eu- Não sejas picuinhas.
E basicamente é isto. Está tudo neste breve diálogo! Senão vejamos. É assumido que é um compromisso que se quer eterno mas, ambos temos consciência que nem sempre é bom. Mas encaramos toda a situação com humor e descontração. E esta é a base. Esqueçam a história do amor, da paixão, do respeito, da amizade, trálálá.... isso é tudo muito bonito mas não é condição sine qua non para aguentar uma relação. Temos amor? Claro. Paixão? Óbvio. Respeito. Sim. Amizade! Felizmente. Mas temos isto tudo, sempre? Claro que não. A intensidade é muito variável. Momentos há que o amo mas não lhe tenho respeito nenhum. Alturas acontece a paixão estar ao rubro e outras tantas que a amizade é assustadora. Ocasiões em que não suportamos sequer a voz um do outro... Mas, no fundo, questionamos pouco. Porque temos o factor descontração. Porque queremos que seja para a vida e, como tal, sabemos que o dia seguinte... a semana seguinte.... o mês seguinte será melhor. E ficamos mais calados, reagimos menos... e tudo passa. É uma visão pouco romântica? Assumo. Mas queridos leitores, se querem romantismo vão ao cinema ver uma comédia norte- americana. Alguém que me dê a conhecer um casamento sem zangas, sem monotomia, sem rancores, sem dissabores... isso não existe ou, então, tratou-se de uma relação curtissima que, quando confrontada com dificuldades, optou por enfrentá-las individualmente. E foi lindo e espantoso... até ter acabado! Para mim o segredo (se é que ele existe) é ter um bocadinho de tudo e muita, muita sorte. Um bocadinho de amor, um bocadinho de paixão, um bocadinho de respeito e um bocadinho de amizade. Esses bocadinhos, todos juntos, mesmo que com intensidades variáveis no tempo, formam uma espécie de terceira entidade invisível. Uma ligação constante e única que se sintetiza em duas palavras: intimidade e cumplicidade. Melhor. Uma ligação que partilha um desejo de futuro.

Vi escrito algures que viver é desenhar sem borracha. O que eu discordo! Tenho apagado tantas vezes. Umas vezes com uma força tal que se abre um buraco. Assim são as relações. Umas vezes com calma e serenidade, outras com intensidade e paixão. Umas vezes com gargalhadas de alegria e outras com lágrimas de dor. Umas vezes a menos e outras a mais. Numa permanente tentativa de equilibro. O segredo é QUERER. Quando se quer, tenta-se. Vai-se desenhando, apagando e voltando a desenhar-se.
Acho eu.

7 comentários:

  1. Adorei! E concordo com cada palavra!

    Bjos

    ResponderEliminar
  2. Fabuloso! Concordo com tudo menos com a borracha... Depois de desenhado fica o vinco, suave ou não, com buraco ou sem, mas sempre desenhado. E' bom saber que existem casamentos felizes e saudaveis.

    ResponderEliminar
  3. Muito bom, concordo plenamente......

    ResponderEliminar
  4. Concordo plenamente contigo! Também faço 20 anos mas de casamento efectivo, este ano e nem sempre é um "mar de rosas". Até porque trabalhamos juntos já à 17 anos, 24 sobre 24 horas. Mas quando existe respeito e amizade, o amor é um pouco secundário. Como eu costumo dizer: porque é que vou arranjar outro se já conheço este tão bem?. Bjos.

    ResponderEliminar
  5. não sei. Tenho 1 filho com 2 anos, estou junta há 5 anos e sim, sei que o amo, que o adoro, que sou mais feliz com ele do que sem ele. Isso tenho a certeza hoje.
    Mas não são poucas as vezes em que penso que não devia, não está na nossa herança genética vivermos só com 1 pessoa o resto da nossa vida.
    E aqueles momentos de paixão que nos tiram o ar? Que nos dão dor de barriga à séria e tiram-nos a fome?!
    Em que deixamos de dormir e só olhamos para o telefone?
    Não acredito em quem me diz que passado 10 anos de casamento sente isso. Respeito, obvio, quem sou eu para achar que os outros mentem, mas não acredito, desculpem.
    Paixão dá lugar ao amor » amor dá lugar a 1 projeto em comum com filhos, contas, afazeres, algumas (poucas, se tivermos sorte) chatices » e sim, tudo acaba numa bonita amizade.
    Tb li o texto do MEC sobre o casamento e pronto, não sei o que ache :)
    Eu só tenho 5 anos de vida em comum e apenas acho que mais 20 não terão o mesmo deslumbramento destes 5 primeiros.

    ResponderEliminar
  6. Pois. O que tem resultado cmigo não resulta seguramente com toda a gente. Com o tempo perdem-se muitas coisas... mas também se ganham outras. E se calhar mais importantes e valiosas. Mas... eu percebo quando se sente falta daquela dorzinha na barriga. Não se pode ter tudo... Bjs

    ResponderEliminar