Delay é o termo técnico usado para designar o retardo de sinais em circuitos eléctronicos, geralmente o atraso de som nas transmissões via satélite, que é como quem diz: somos os últimos a saber

Assistir a um jogo de futebol na minha casa é uma experiência sui generis. Julgo até, que eu poderia cobrar bilhetes por aquilo que acaba por ser um espectáculo plural. O leque de aspectos observáveis é vasto. Considerando que ao meu filho é permitido assistir à primeira parte, podemos verificar a componente pedagógica e lúdica da coisa. Filhote pergunta, papá responde. Filhote comenta, papá anui. Filhote vibra, papá festeja. Filhote amua, papá fala na importância de participar em detrimento da vitória desejada. O intervalo acontece. Crianças são encaminhadas para o óó. E na segunda parte, papá vira adepto. Baixa lá o espírito da coisa e começa a desgraça. Pois que o moço fala com os meninos que correm no televisor. O moço refila. O moço diz impropérios. O moço chama nomes aos familiares dos profissionais do desporto. O moço que já não é moço; o homem que já completa 37 anos a caminho dos 38, acredita piamente ter capacidades mágicas. Julga conseguir orientar uma equipa de futebol- eficazmente- via sofá/plasma/estádio/ouvidos dos piquenos. E depois, quando surge o momento de stress... a jogada decisiva... diz que já não quer ver. E aí... aí meus caros surge esta alminha que se manteve impávida e serena durante cerca de 90 minutos. Com todo o esplendor anuncio que o seu clube marcou golo. Ainda os moços estão a pousar a bola no relvado, já aqui a pessoa deu o verídicto final. E agora perguntam vocês, coisinhas mais fofas e inocentes: és entendida das coisas futebolísticas? Tens capacidades premonitórias? Não! Gentinha impressionável! Apenas tenho bom ouvido e... uns vizinhos cuja televisão não tem delay...