segunda-feira, 1 de julho de 2013

Ele diz 'bom esforço' e eu ouço 'granda lontra'

E não é uma questão de má audição ou pessimismo paranóico! É a realidade! Quando treinamos com alguém cuja resistência, agilidade e destreza se distanciam da nossa condição física (como um grão de areia das estrelas do céu) é esta a interpretação inevitável. Hoje temi, mesmo, que o meu marido adormecesse no percurso. Eu, enquanto isso, tentava- em vão- limpar a minha mente. Mas é impossível. O contexto não o permite. Fresquinha e motivada ainda traço o percurso: longo, exigente e ambicioso. Ele ainda tenta uma sugestão mais 'à medida da menina' mas, a menina está tresloucada e não pensa.  E nesta altura ainda há conversa! Ainda se olha para o lado e ainda há sorrisinhos. Mas a tentativa de reset cerebral é cada vez mais complexa. Porque os pensamentos acompanham o grau de dificuldade... E aqui a pessoa que entra num coma desportivo, adopta um silêncio profundo e vê-se mergulhada em ideias, palavras e 'coisas esquisitas'. Do que vou vestir amanhã passo em nano segundos para imagens da minha pessoa a cair naquela descida e dentes a serem catapultados para o asfalto. Juro que quase que sinto mimis a baterem-me no queixo e a minha preocupação do momento assenta em mostrar ao meu marido a pele de cobra que descobri, ali mesmo, três dias antes. Desejo o mal - tipo herpes genital, verrugas faciais e tufos de pêlos em todos os orifícios- a todas aquelas que passam leves e fofas como se de penas se tratassem. E desejo o mal também àquelas que se mantêm igualmente esculturais ou magras vá, mesmo sentadas no sofá a beber de latas de leite condensado. Ainda consigo, apesar de tudo, abstrair-me do sr. meu marido que me relembra a distância, a velocidade, a respiração, as passadas... sendo que  também lhe desejo mal. Mas menos porque preciso que me dê a mão quando o meu cérebro me relembra que o meu corpo não é coisa pequena. E equaciono pedir boleia. E talvez verter uma lágrima. Mas o tempo vai passando,   a distância é subitamente menor e- como que por magia- tudo fica bonito e espectacular e já desejo o bem a toda a gente (com excepção das magras- a essas nunca) e sinto-me maravilhosamente bem. Ainda assim, lontra. Lontrinha, vá!

4 comentários:

  1. Ohhh, não me desejes mal! Olha que não é fácil ter 41,5 kg
    Beijos, lontrinha :)
    Teresa Mendes

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Uma magra a chamar-me "lontrinha" constitui uma antevisão do inferno... obrigada Teresa por este miminho matinal! ;) Bjs

      Eliminar
  2. Ahahahaha
    Não podes ser assim tão lontrinha, a correr dessa maneira. Um texuguinho, vá.
    Boas corridas!

    ResponderEliminar