sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A enrolement!

Andava há dias enervada com um compromisso profissional. Chegada de 'férias' apenas desejava estar sossegada e quieta num canto a desbravar os muitos assuntos que ficaram pendentes com a minha ausência. E irritou-me não poder estar assim. Ter de fazer o que mais me aflige... Um público... uma apresentação... eu! Para mais numa língua que não utilizo para falar, nem escrever e muito menos para pensar. Mas obrigações são obrigações e se há coisa que não aprecio é pensar que não consigo. Mas enerva-me... Faz-me roer as unhas e sonhar que a dado momento caio e parto um dente da frente. E era neste estado de criança assustada que me encontrava enquanto ensaiava com dois colegas que teriam a mesma responsabilidade. Mas há alturas na vida em que (re)aprendemos a importância de relativizar. Que entendemos que damos demasiada importância às coisas... Estava eu nestes pensamentos, num exercício silencioso de auto-tranquilização quando a minha colega me deu uma lição. Naquela sala imponente, de azulejos pintados, onde digníssimo Marquês de Pombal outrora tomou importantes decisões, ela interrompeu o nosso discurso ensaiado e informou-nos que, de cada vez que via uma alcatifa, tinha de dar uma cambalhota. E assim fez. De um pulo só e ignorando a minha cara de absoluto espanto, lançou-se no chão forrado e procedeu, a um audaz enrolement, que é como quem diz: fez uma cambalhota. E assim, eu que estava em aflição, hesitando entre social affairs e welfare, encostei-me para trás e respirei de outra maneira. Ainda acho que ela é doida mas... Convenhamos... Eu não sou menos.

9 comentários:

  1. Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha
    Também quero! :DDDD

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  2. Muito bom! E que bem depois estiveste.. Um orgulho! :D

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  3. Muito bom!!! Nada como a simplicidade da infância para nos fazer relativizar os supostos "problemas" do dia-a-dia ;)))

    (que pena já não estar na tua lista de "Outros terrores", fiquei tristinha. Mas, pronto, é a vida) ;)

    Beijoka

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  4. ahahahah...Muito bom. De fato nada melhor que "algo diferente" para respirar fundo e vermos que a importância e os medos estão em nós e no nosso pensamento. ;)

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  5. Que sorte e que orgulho conhecer a dona dessa cambalhota, toda ela também carregadinha de bicharocos carpinteiros.
    Beijinhos M.

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