Isto do amor tem a sua piada ou...

A partir de que momento nasce em nós a capacidade de amar? É uma pergunta que me tenho feito. Aquele amor romântico, de dar dores de barriga. Que nos deixa a cara encarnada e as palavras deturpadas.  Que nos acompanha ao deitar, nos invade os sonhos e surge no primeiro segundo da manhã. Aquele que nos tira a respiração e nos enche o peito com um simples olá. Aquele... que pode ser tão bom e... tão destruidor. Sorrio ao pensar nisto porque, de repente, estou a vê-lo à minha frente. Esse amor. Por ora inocente mas não menos complexo. A minha filha gosta dele. Eu sei. Rejeita qualquer conversa minha e reage com horror às minhas investidas provocatórias. Já percebeu que o sei e eu respeito essa negação, qual silêncio deliberado... Faz-me lembrar aquele que foi o meu primeiro amor. O Chico. Lembro-me perfeitamente do momento em que soube que gostava dele. Dava por mim a sorrir, de forma idiota, ao seu lado em todos os recreios da primeira classe. E isso era nitidamente diferente daquilo que eu conhecia de mim própria, até então. Senti essa diferença, esse descontrolo, esse crescimento. E vejo-o agora nela.

A partir de que momento nasce em nós a capacidade de amar? Acho que não há uma idade. Um momento. Mas é definitivamente um marco. Quando olhamos para o outro, esperando... desejando... que olhe para nós. É quando percebemos que não controlamos essa outra vontade.

A vida não pára e a minha menina está crescida. E eu sorrio porque vou lá estar. Sempre. Nos amores felizes e nos desamores. Porque isto do amor tem a sua piada ou não...