Sim, hoje, as mães extremosas e orgulhosas combatem pela partilha da foto mais bonita de seus petizes envergando vestes aterradoras. Qualquer rede social que se preze reflete o orgulho parental de quem, neste dia, se esforçou por encher de alegria o coração dos seus filhos. Há pouco, fui mesmo desafiada a mostrar o que proporcionei aos meus pequenos e fofinhos amores e.... engoli em seco. Pois que a verdade, é que isto não me correu muito bem.
Sou cuidada, não pensem. Há dois dias, perguntei-lhes o que planeavam para este dia cuja simbologia não sei definir melhor do que "uma espécie de Carnaval". E os rebentos foram assertivos. "Não queremos máscaras! Queremos dentes de vampiro, só!" Ah... todo um sentimento interior de poder e descontração! Isto não me vai custar nada, pensei eu! Nem dinheiro, nem festas e festinhas, e muito menos horas a pensar em fatos e pinturas. Simples, simples. Ora bom, errado. O dia ontem foi complexo e, em acordo com a figura parental lá do sítio, decidimos ir juntos comprar os adereços, na meia hora que tinhamos disponível antes do treino de futebol do pequeno, dos banhos, do jantar, dos mimos e abraços e do meu treino nocturno. Simples, simples. Primeira tentativa óbvia: loja de chineses perto de casa. Quando ouvimos o segundo "não tlemos" começámos, em silêncio, a torcer o nariz. Ora bom, cultura chinesa ainda não incorporou os valores ocidentais deturpados pela economia americana. Hum... superfícies comerciais! Claro que encontrámos dúzias de pais desesperados a esgravatar em prateleiras vazias. Vamos ao mais caro, que hoje não aguento birras a felicidade dos nossos filhos está primeiro. A loja da especialidade informou-nos: está esgotado, há dias. Cabeça a mil e minutos contados: dividimo-nos. Ele papelarias e lojas similares, eu lojas de acessórios e coisas indefinidas. Encontramo-nos a meio do corredor. Em silêncio, preparámo-nos para o pior. E perguntam vocês: o que é o pior? É ver o rosto de desilusão nos rostos de crianças que não nos chegam aos ombros. A mais crescida lançou-nos um ar de desdém, como quem diz "fraquinhos, que nem uns dentinhos conseguiram" e o pequeno... o pequeno, iniciou uma espiral de choro que eu ignorei com eficácia, no momento em que sai de casa com uns ténis calçados.
22h00
Telefono para casa. Reina o silêncio mas eu não estou contente. Falta-me uma superfície comercial do distrito de Lisboa e eu não estou pronta para desistir. E vou. No escuro da noite. Ao frio e ao vento e com a roupa colada ao corpo depois do treino intensivo. Vou às máscaras e nada. Vou aos brinquedos e nada. Não há dentes, não há dentaturas e nem uma unhaca sequer. Tenho um rasgo de lucidez e dirijo-me às gomas. Um saco de gomas com forma de dentes vai arrancar um pequeno sorriso dos miúdos, tenho a certeza! Nada! Não há gomas! Não há chocolates e muito menos um rebuçado alusivo ao raio deste dia, que ainda nem percebi porque existe! Volto para casa mas não volto desanimada. Encontrei algo! Assim, caras colegas, mães, ilustres educadoras deste país, estou agora em condições de partilhar, orgulhosamente, a foto dos meus filhos:
Até estou com pena de vocês que não se esforçaram, verdadeiramente...
Adorei as ironias. ahahah Já agora, parabéns ao esforço da mãe.
ResponderEliminarUm beijinho, Andreia ♡
www.pontofinalparagrafos.blogspot.pt
Eles adoraram os aperitivos... ;) Bjs
EliminarHouve uma altura da minha vida em que todo esse esforço era mesmo nestes cheetos, estava viciada nisto ;) Grande post :)
ResponderEliminarObrigada! Tudo verdade... o que torna a coisa mais deprimente... :) Bjs
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