quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Com a língua e a mente congeladas

Enquanto escrevo isto, lambo delícias do mar. Congeladas, entenda-se. Se há coisa que eu abomino nesta vida, é não poder fazer o que quero. Porque recuso-me a escrever aquela odiosa palavra começada por um "d", com "ie" no meio e que acaba em "ta", vou transmitir o quanto detesto restrições alimentares. Eu já me conheço bem, até porque convivo comigo própria há cerca de 35 anos e quase 365 dias. Sei que a minha tendência no inverno é comer como se não houvesse amanhã, descansadita com as roupas que me tapam até às orelhas e tornozelos. Chega depois o mês de Abril (Maio, vá) e entro em desespero quando me lembro que terei de abdicar das mangas e outras vestimentas do género... abrangentes. E, por consequência, entro numa espiral de loucura e passo a engolir alfaces como se de amendoins se tratassem. Vai daí que, este ano, decidi contrariar o meu próprio destino (por mim criado e alimentado) e alterei as voltas ao assunto. Assim, aboli as celebrações invernosas do calendário e qualquer convívio social e entrei em período de restrição alimentar. (Contorço-me ao escrever este termo.) Coisa suave porque basicamente sou muito magra e esbelta e não tenho propriamente necessidade de me sacrificar. Bom, continuando. A estratégia é não acumular energia como se não fosse sair da caverna durante 4 meses mas, fazer aquela coisa- como dizer- do equilíbrio alimentar. Assim, voltei à rotina de apenas um pão por dia (escuro e feio e feio e feio), acompanhamentos branquinhos e fofinhos nem pensar, e bolos, biscoitos, bolachas e afins, só quando tiver o peso da minha filha. Digamos que estou quase a falecer e um pouco muito impossível de aturar. Durante o dia, a coisa corre muito bem. À parte de beber chá como se a minha vida dependesse disso e ser "A" consumidora da sopa e queijos frescos do bar, não tenho propriamente fome. O problema, meus caros, é o meu lar. Quando chego a casa inicia-se o verdadeiro sacrifício. Enquanto seres do meu sangue e querido marido ingerem, com prazer e alegria, alimentos por mim preparados, eu engulo uma sopa imaginando fatias de queijo. O pior disto tudo é que receio que o meu grau de privação esteja já a comprometer a minha racionalidade. Envergonho-me de partilhar isto convosco... mas sei que querem muito saber... sinto-vos desesperados... e eu sou pessoa bondosa. Confesso que comecei com dúvidas acerca da minha sanidade mental depois do sonho que tive há dias. Foi com um homem de tirar o fôlego que me encostou contra uma parede, rasgou com os dentes a minha roupa e absorveu a minha essência (tive minutos a pensar numa maneira não pornográfica de dizer a coisa)? Não. Sonhei com uma mesa de comida. Juro. Estava numa festa (tipo casamento) com uma amiga. Ambas com um prato de comida, assim para o pequeno. Na mesa rectangular e comprida, estavam diversos ingredientes que juntos apontavam para a hipótese de virem a ganhar a forma de comida japonesa. A minha amiga estava tranquila e eu basicamente numa ansiedade que era capaz de pôr um cavalo a dormir. A minha aflição era: isto são coisas para fazer sushi! Mas eu não sei fazer sushi. Mas se não tiro as coisas não como nada. E eu gosto taaanto de sushi! E a minha amiga tranquila. Eu com a postura de psicopata comecei então a tirar comida para o prato. Salmão, atum, arroz, aipo... até à alguinha...quando já tinha a coisa composta e nem mais um milímetro para ocupar... demos a volta à mesa e... travessas e travessas de sushi já preparado. E eu com o prato cheio. E a minha amiga, tranquila, começa então a tirar peças. E se lágrimas caíssem em sonhos, eu teria alagado aquela festa e  a minha cama pois senti um desespero tal que acordei. E isto, queridos amigos, fãs e pessoas desconhecidas, é... como dizer... deprimente! Isto para dizer que, prendas, ofertas e gestos fofinhos para a minha pessoa não são: palavras, beijinhos, abracinhos e coisas assim. Gestos de compaixão e generosidade são:
pratos de comida!!

5 comentários:

  1. Como eu te compreendo! Comigo é igualzinho! E não te acontece chegar a casa e ter um ataque de 'come tudo o que aparece pela frente"? No meu último destes comi desde fatias queijo, batatas fritas palha, pão com marmelada...enfim!! E depois fico danada comigo! Mas no fundo, acho
    que é uma questão de mentalização e motivação. ..e nem sempre temos as duas ou pelo menos uma delas! E quem disser que as roliças não têm o seu encanto...ou é parvo ou não sabe o que diz! Tu és linnndaaa! Enjoy life & be happy! !!

    ResponderEliminar
  2. E pq não comer de forma saudável? um salmão grelhado com legumes, bacalhau cozido com legumes, mas sempre é comida. Só sopa é algo muito exigente e difícil de manter. Está comprovado que dietas rigorosas levam a períodos de ingestão compulsiva.

    ResponderEliminar
  3. Aahahaah opah, eu também sou tanto assim!! Já fico muito mais feliz! E acreditas que também tenho sonhos desses: http://raparigacombrincodepechisbeque.blogspot.pt/2013/09/algo-esta-muito-errado.html ?? :) Tou contigo, dieta é do pior. Raisparta para esta força de vontade tão forte como a minha capacidade de correr! :/ ***

    ResponderEliminar