O meu blog sou eu

Por diversas vezes, naquilo que apelidamos de blogosfera, surgem críticas que se relacionam com a suposta exposição exagerada. A partilha de fotografias, pormenores da vida privada, dados pessoais e histórias que deveriam ser "só nossas". Obviamente que já senti isso na pele, até proveniente do meu "circle of trust". "Não devias ter partilhado aquilo", "Não se devem contar aquelas coisas", "O que vão pensar de ti?"... já ouvi algumas vezes. Mas apenas por segundos considerei tais julgamentos. O blog é meu e o blog sou eu. A propriedade obviamente que se circunscreve àquilo que escrevo sobre mim própria mas, engana-se quem julga que me conhece através desta pequena janela. O blog é apenas uma ínfima parte do que eu sou. É somente aquilo que quero mostrar. A comunicação é orientada. Não tem de ser por desígnios estratégicos como se pretendesse enviar mensagens subliminares. Mas, de facto, escrevo aquilo que quero que seja lido. Quando considero que deve ser lido. Mas também acho que se é verdade que só mostro uma pequena parte de mim, há quem tenha a capacidade de vislumbrar o resto. E também é verdade que, conhecendo-me ou não, consigo sentir o carinho de quem me visita. Nunca os números foram tão pouco matemáticos. Sei que provoquei sorrisos, gargalhadas, lágrimas ou alguma outra sensação a quem me lê. E é essa a essência deste que é um dos meus grandes prazeres. Podia dizer-vos que amo escrever. Que adoro contar histórias. Tudo certo mas incompleto. Na realidade, o que alimenta esta minha compulsão é o impacto que sei que provoco. É a interacção que, de facto, me move. É entrar numa sala para uma reunião e ouvir "adorei aquele texto", é ser reconhecida num supermercado, é receber um abraço sentido de uma seguidora que sabe muito sobre mim e cuja cara nunca vi, é receber emails pedindo-me conselhos ou somente para dizer olá, é receber telefonemas preocupados, é fazer amigos sem estar à espera, é receber carinho através do meio mais impessoal do mundo! E agora podia dizer-vos que foi esta a razão pela qual iniciei o blog. Dar-vos-ia uma imagem românica e inspiradora mas... seria mentira. (e eu deitaria por terra a minha faceta terrorista...) Iniciei o blog quando não sabia que existia uma comunidade destes espaços. Iniciei o blog quando não imaginava que alguém pudesse ter interesse em ler o que escrevia. Iniciei o blog acreditando que nunca ninguém saberia que era eu. Quando ansiava por um balão de oxigénio de uma vida de mãe atarefada e rotineira. Por um espaço onde pudesse escrever e contar histórias. Verdadeiras. Sem lacinhos e bebés de face rosada. Onde pudesse dizer que os meus filhos fazem birras horríveis só porque sim. Que o amor é infinito mas que sabe melhor à noite quando eles adormecem. Só para eu escrever e contar histórias... Mas faltava o essencial que depressa descobri. Faltava a sensação de ser lida, compreendida e apreciada. Talvez esta tenha sido uma das mais agradáveis surpresas da minha vida.

Vou corrigir o título. O meu blog sou eu e vocês. Um feliz somatório de pequenas partes.

❤ Este texto é para a Sónia. Que conseguiu aquecer um bocadinho o meu coração quando eu achava que ele tinha parado.