Uma espécie de salário emocional

Foi-me pedido algumas vezes mas só ontem concordei. Ficou decidido que iria hoje à escola do meu filho falar da minha profissão. Depois do email confirmando, fiquei parada a pensar. Como é que vou explicar a vinte cinco crianças de seis e sete anos aquilo que faço? Escrevi num papel: "Responsabilidade Social explicada a crianças". E parei novamente. Formulei uma pergunta em silêncio e demorei a responder. O que é ser responsável? E como é que cada um de nós o faz? Como é que se escolhe? Daí a passar para a responsabilidade social corporativa seguiram-se desenhos, exemplos, explicações. Escrevi cinco folhas. Repito: cinco folhas. Tropecei em cada conceito. Exclui todas as palavras caras. Desenhei! Fiz esquemas, até. E fui. Não sei como colocar esta experiência por palavras. A emoção inicial veio da alegria do meu filho. O seu orgulho nos olhos. Completamente descontraída e feliz, segui o caminho que tracei no meu caderno preto. Ri-me muito e fiz rir. Acharam-me dona de empresas, rica o suficiente para ajudar todas as pessoas em apuros e a melhor pessoa do mundo. Praticamente uma salvadora! No fim, perceberam. E responderam sempre bem. Com a sua inocência... própria para quem a "escolha boa" é ainda a natural e óbvia.

Sim, não foi linear para mim. Foi como se tivesse de construir, com simples legos, um avião de dois andares. Tive de seguir umas instruções, respeitar os passos definidos, preocupar-me com as bases mas... mas o resultado foi um belo avião. Olhando para trás, a maior parte do tempo, vejo apenas as suas partes. Foi bom vê-lo inteiro.