terça-feira, 27 de maio de 2014

Calmaria

Estamos jantados e o silêncio impera. "Mamã, já escovei o cabelo." "Desculpa, Inês por ter apagado a luz." "Arrumei os pratos na máquina, direitinhos, mamã." Sorrisos tímidos e uma calmaria típica de um período pós-tempestade. É sempre assim. As manhãs nem sempre são fáceis e aquilo que começa por ser uma teimosia, atinge contornos de despeito e... a boneca vira. O meu sangue entra em ebulição e disparo. A doçura dá lugar a voz alterada e inicia-se uma luta de titãs. Hoje foi assim. Não gosto quando é assim. Quando ganho a luta mas perco tanto. Não gosto da ausência do carinho da entrega e dos desejos de um dia feliz. Não tenho um dia feliz. A coerência é difícil de manter- é o mais difícil, na minha opinião. 

O silêncio impera e as vozes doces estão extraordinariamente melosas. Ainda assim, a minha luta continua. E é quando apetece esquecer tudo, que importa relembrar outra vez.

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