quarta-feira, 16 de julho de 2014

Das coisas naturais

Ligou-me. "Foste dormir dois dias a casa da R.?!" A pergunta encerrava nitidamente uma preocupação e, em simultâneo, uma censura. Porquê eu, mulher casada e com filhos, saía assim de casa para dormir em casa de uma amiga? Assumo que tenha pensado no meu casamento, em primeiro lugar. Estará tudo bem? Terá havido uma discussão ou zanga? O que se passará entre eles? Imagino-a a reflectir, sem chão, na minha própria felicidade. Está tudo bem, digo-lhe. Acreditando em mim, vem a parte mais complicada- a da recriminação. Como se houvesse uma falha no meu duplo papel de mãe e mulher... Porquê negligenciar assim as minhas funções? Sim, eu escrevi funções e foi de propósito. Simplesmente, porque sim. Porque surgiu uma oportunidade e porque tenho esse direito. Fui estar com ela, só com ela. Fomos jantar fora, vimos filmes, conversámos até mais não. Porque sim. Porque é natural em nós. Precisamos uma da outra. E precisamos de estar sem as outras pessoas. Sem o acordar apressado. Sem as palavras de ordem e o tempo contado. Porque é natural na nossa amizade e porque é assim. Ela compreendeu. Quer dizer, aceitou mas não compreendeu bem...



2 comentários:

  1. Eu acho isso a coisa mais natural do mundo. E faz muito bem estar-se so com a amiga sem o resto do embrulho, que amamos, mas que sabe bem que fiquem na deles, com as suas coisas, de quando em vez. Seremos melhores mulheres e mães quanto mais felizes estivermos.

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