quinta-feira, 31 de julho de 2014

Ele nega mas eu atesto a veracidade dos factos

Eu o meu marido crescemos juntos. Quase nascemos juntos! Começámos a namorar tinha eu uns fresquinhos 15 anos. Estávamos, nos idos anos 90, com poupas pronunciadas e mini-saias de xadrez... Casámos 10 anos depois e já se passarem, desde então, mais uns quantos. Somando tudo, tudo, chegamos ao número 22... Uma vida dirão você. Outros suspirarão "uma seca", entre dentes. Ora, eu estou aqui para provar que não é necessariamente assim. Se pensarem bem, na verdade, qualquer casal está muito pouco tempo junto. Se somos jovens, temos as aulas, o estudo, as férias familiares, os dramas da adolescência, os primeiros trabalhos e uma imensidão de preocupações que nos inundam a mente. Quando o futuro se começa a vislumbrar iniciam-se heróicas diligências. Primeiro é imperativo comprar casa. Depois é apetrechar o domicílio. Logo a seguir vem um filho. E depois outro. E depois muda-se de casa. E o gato morre. Entretanto aquele emprego, já era. Arranja-se outro gato. Novo trabalho. E agora começa a escola do primeiro miúdo e logo a seguir inicia-se o outro. E quando achávamos que nunca mais íamos olhar para as dinastias, começamos a decorar novamente cognomes. E a barriga cresce mesmo sem bebé e toca a arrastar o rabo para prazeirosas tenbrosas corridas. E agora é o sistema circulatório. E é preciso fazer sopa e tem de ser com coisas do Continente por causa do desconto em cartão. No fundo, no fundo, temos cerca de uma hora diária- um para o outro. Só para nós os dois. E tudo corre bem. Porque é só uma hora!!!! Quando chegam as férias, inicia-se o problema! São muitas horas! Todos os anos, repito, todos os anos nos chateamos nas férias. A mais pura e cruel das verdades. Nada de especial. Nada de discussões de fundo. Nem sequer zangas sérias mas, simplesmente, chateamo-nos. Ou porque não me ajudou numa tarefa qualquer. Ou porque acordei mal-humorada ou porque ele lhes fez todas as vontades. Basicamente, implicamos um com o outro.
Este ano, respirei fundo, calma e serenamente, e foquei-me num objectivo: zangas free. Amanhã contamos uma semana de férias e orgulho-me de aqui escrever que nem um vislumbre de desentendimento. Suspiro agora um pouco. Estive quase a aborrecer-me. Verdade. Mas contive-me! Existem coisas que não entendo, o que é que querem?
Faz-me confusão assistir a filas de gente para enfiar fatias de pão embalado [ou não-pão, para mim] na torradeira, coexistindo mesmo ao lado cestas cheias do mesmo, em versão fresca e natural. E adivinhem quem é que estava na filinha do hotel para comer o pão fabricado artificialmente? Seguido de patinhos filhos? Ele, pois claro! Iniciei o meu ritual de censura e recriminação mas terminei a tempo de evitar o padrão de implicação. 

Antevejo uma reforma complicada...

10 comentários:

  1. ...Do Amor.
    Das retas...das curvas e...contra curvas.
    Mas a estrada está lá. [Sempre].
    Obrigada.
    Gosto (tanto) de a ler.
    Boas férias.

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  2. ...Do Amor.
    Das retas...das curvas e...contra curvas.
    Mas a estrada está lá. [Sempre].
    Obrigada.
    Gosto (tanto) de a ler.
    Boas férias.

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  3. :) a tua história de crescerem juntos, etc etc, fez lembrar-me a minha. Só que a minha terminou antes do tempo. Pois separamo-nos. Mas estou quase em crer que a separação foi uma precipitação, pois se tivessemos tido "calma" ainda hoje estariamos juntos. OK, esta é a minha visão (e de muitas outras pessoas). E sim, nas férias também havia discuções, mas do que recordo, menos. Concluindo e resumindo, foram também 21 anos juntos! :)
    boa continuação

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  4. Por aqui também já chegámos a essa conclusão. Demasiado tempo juntos aumenta a probabilidade de discussões da treta. Não chego ao ponto de embirrar com o pão que lhe apetece comer :p mas há sempre mais matéria para conflitos. Mas notamos que agora com um filho é mais fácil acontecer. Ou seja, a mistura de mais tempo, tendo em conta que temos menos tempo para o lazer, consegue ser explosiva. Por isso, nesse sentido, prevejo uma reforma mais calma :)

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  5. Opá!!!!! O máximo este seu post!! Eu e o meu marido começámos a namorar também nos idos anos 80, eu com 15 e eles com 18 e desde aí, tem sido assim como descreve!!! É mesmo isso e é agradável lê-lo descrito assim, com humor. Este, o humor, é próprio das pessoas inteligentes, sobretudo quando o utilizamos e rimos de nós próprios!! A implicância nas férias é um dado adquirido!! Acho que vou seguir (tentar...) o seu exemplo de "implicância free", quem sabe consigo?? Depois conto-lhe...
    Um beijinho e boas férias!!

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  6. Por aqui já contamos 24... E sim tens razão, o número de horas juntos aumenta a probabilidade de embirrações, mas o que conta mesmo é a vontade de continuarmos a usufruir daquelas horas que temos juntos, a dois e/ou a quatro, mesmo com as implicações mútuas e que na maioria das vezes já são mais do que conhecidas.
    Na reforma haverá outras, mas ainda quero lá chegar com ele. :)
    Boas férias!

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  7. 22 é um belo número! :) que cresça sempre rodeado de amor e compreensão!:)
    casei este ano, e antecipo com alegria uma década, duas décadas, três décadas ao lado dele.
    A diferença?... trabalhamos juntos... passamos muito mais tempo um com o outro. o nosso objectivo, em casa não há trabalho, e no trabalho somos apenas colegas! lá vamos conseguindo... :)

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  8. lindo.
    comecei a namorar com o meu marido quando eu tinha 13 anos e ele 15, depois de 10 casámos e de casamento já lá vão mais 21
    é obra
    uma obra feliz
    espero eu <3
    felicidades para vós

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