segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Irmãos

Quando o meu irmão chegava a casa descalçava os sapatos colocando os pés na minha cama. Não os pausava com cuidar. Era uma batida forte. Primeiro um e depois o outro. "Estás a dormir?" Era assim. Não havia privacidade e muito menos paz. Havia sempre alguém que acusava alguém. Um objeto retirado sem autorização, uma camisola alheia vestida, umas bolachas usurpadas- uma guerra montada. Às tantas optou-se por etiquetas. Nas meias, nas toalhas, no queijo. Nunca era pacífico. Mas riamos muito. As anedotas no escuro, as inconfidências reveladas, as brincadeiras parvas, o gozo pelo gozo. A proteção! Não mudou muito, na verdade. Irmãos são irmãos. Lembrei-me agora dos meus [quatro] a olhar para eles. Estes não passam muitos minutos em silêncio e muito menos separados. Dão-me cabo da cabeça, da tranquilidade e dos ouvidos. Dão-me a maior alegria do mundo. São irmãos. 

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