quinta-feira, 30 de julho de 2015

[selfies parvas, não contam]

Acredito que não acreditem mas, não gosto que me tirem fotografias. Nem sempre deixo, viro muitas vezes a cara e apago das câmaras alheias. Por isso, vão desistindo... Contraditória como só eu, adoro ver fotos. Tiro muitas a tudo e a todos. Partilho algumas e revejo-as vezes sem fim. Funcionam com um diário que muitas vezes só eu sei ler. Coisa estranha esta. Coisa minha. 
Agora que via fotos de outros, pensava nisto. Não há quase registo meu nestas férias. Culpa minha. Pensava porque vejo fotos de mulheres, como eu, sentadas nas suas cadeiras de praia, a reluzir ao lado do seu bronzeador e cuidadas com as suas pulseiras, chapéus de palha e elegantes fatos de banho. Penteadas e arranjadas. Sem areia ou marcas de sal. Talvez não sejam mulheres com eu, afinal. Ou eu não sou como elas, bem vistas as coisas. Estava a pensar que se me tirassem fotografias nas férias apanhariam-me em desalinho. Com os pés castanhos de passar a ria a pé. Com o cabelo despenteado do vento que apanho à beira mar. De cócoras a procurar conchas e seres vivos... Numa corrida desenfreada até à água. A jogar às raquetes com os miúdos. A fazer piscinas à beira mar. E castelos e túneis. De joelhos esfolados por não sair dali. A boiar na água, a olhar o céu. A comer laranja na toalha com areia. A tentar fazer o pino como fazia. A apanhar figos empoleirada por entre os ramos. A comer entrecosto com as mãos. E conquilhas. E melancia. Muita melancia. Deitada na relva a olhar as estrelas. 
Se me tirassem fotos nas férias, talvez não parecesse igual a elas. 
Talvez eu não seja mesmo como elas. Não faz mal. 




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