segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Ela?

Não são raras as vezes que me lembro daquela rapariga que vi noutro dia. Era uma rapariga como outra qualquer. Mais ou menos da minha idade, corria pela mesma estrada do que eu. Era uma rapariga qualquer, mas só que não era. Corria de forma veloz e fazia-o com uma fralda. Adivinho-a obstinada. Disciplinada. Teimosa. Persistente. Corre de fralda para, simplesmente, não parar. Foi isso que fez com que não me esquecesse dela. Ou daquela fralda num corpo que não a pede. Acho que, na verdade, não me esqueço da pressa dela. E lembro-me dessa fúria em fazer melhor quando sinto na pele a ânsia de querer fazer tudo. 
Acabei de fazer um corte no dedo. Gritei. Ouvi um "estás bem, mãe?". Habitual. Recorrente. Sou a pessoa que faz tudo em modo acelerado. Sou a que parte copos, pratos e tudo o que tem aspecto frágil. Queimo-me, corto-me e caio. Vou contra armários, faço nódoas negras e praguejo. Envio emails à velocidade da luz, escrevo o que só eu entendo e raramente encosto-me para trás. Não me lembro de caras porque não me detenho muito tempo a observá-las. Quero tudo para ontem e dentro das gavetas, se possível agrupado por categorias. Mexo uma sopa, viro bifes e trituro um puré apenas com duas mãos. E no fim disto tudo... espanto-me por ela usar uma fralda. 

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