Agora que acabou mais um ano, faço o exercício habitual de olhar para trás. Elejo o melhor e o pior. Relembro o que aprendi, os desafios que cumpri, as metas que falhei. Tenho dificuldades. Fecho os olhos e sinto o embate. Vejo o carro em cima do meu, em câmara lenta, e o corpo da minha filha, rápido para trás e para a frente. Lembro-me do primeiro pensamento: nada de bom acontece. Lembro-me de mim a aguentar as lágrimas- a ser o adulto forte. Penso no ano inteiro e vejo pouco mais para além deste marco demasiado recente. Volto a tentar. Fecho os olhos novamente e vejo-me a correr. Por duas vezes, passo a linha da meta depois de muitos e sofridos quilómetros. Recordo-me do orgulho. Volto a pensar. Sinto algumas dores de relações que se desvaneceram e sinto alegria por aquelas que cresceram. Lembro-me de a segurar para ajudar a morrer. Sinto o cheiro da praia do Algarve. Morro de saudades dele todos os dias. Vejo-me a rir. Inúmeras vezes. Lembro-me da casa na árvore ou do mexilhão na grelha. Sinto o vento na cara dos passeios de bicicleta e recordo-me do cheiro do pão que me habituei a fazer. Vejo-nos penduradas em árvores a apanhar figos ou a rir às gargalhadas que ninguém mais compreende. Fecho os olhos e sinto- mesmo- todo o carinho, proteção e mimo. Lembro-me novamente do primeiro pensamento e reconheço: tudo de bom acontece. E repito esta frase. As vezes que forem precisas.
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Os fios brancos do cabelo são pura ficção. |
Não sei o que me aguarda o próximo ano que acabou de se iniciar. Sei, que qualquer embate terá uma enorme almofada.
Parabéns! Que os 38 sejam igualmente felizes
ResponderEliminarMuitos parabéns! Os dias menos bons servem para nos tornar mais fortes e resistentes! Os bons ajudam-nos a superar tudo! Que seja um novo ano muito feliz!!
ResponderEliminarTenho que lhe dizer que Gosto mesmo muito da forma como escreve e descreve os seus textos no seu blogue. Leio poucos com uma escrita tão sentida...Parabéns e Obrigada pela sua partilha.
ResponderEliminarPatrícia Emídio