quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vislumbro a hipótese de um AVC

Para além de ter de acordar às 7 da manhã, o que me arrelia é o ritual alucinante que inclui a repetição exaustiva de diversas ordens de comando.
Primeira dificuldade: acordar as crianças. O meu filho hoje gritava "não consigo abrir os olhos, não consigo ver!!" Depois de acordadas, fazer com que se vistam e fazer com que não contestem a roupa escolhida. "Esta saia não combina com a tshirt....não é o mesmo cor-de-rosa!"; "Quero os ténis vermelhos e brancos" (aqueles que deitei fora há mais de 1 ano...). E comer? "Não quero leite!! Ontem bebi leite. Porque é que não posso beber café como tu???"; "Eu não quero torrada, quero tosta...". Lavar os dentes e cara é, desculpem a expressão, outro pincel. Quem é que abre a porta, quem chama o elevador, quem carrega no botão. "Espera mãe, não sabes esperar??"
Tenho um colapso nervoso quase todos os dias. Como na imagem, sinto-me num lugar escuro, frio e tremo, tremo muito...mas é de tanta força que faço para não lhes bater. Mas vá, este é o relato de um dia mau...nem sempre é assim! Há dias muito, muito piores!!! Hoje foi um deles.

(No carro)

Filha
P: Então para onde vou?
R: Vais para o ATL. A escola ainda não começou.
P: (para abreviar) E então quando começa? O que vou fazer todo o dia no ATL? Tenho trabalhos de casa? Posso levar a mochila (choro)? Quem é que me vai buscar?

Nada mal. Pacifico.

Filho
P: A minha escola nova tem sanitas? Vou aprender a ler e a escrever?
R: (para abreviar) Tem sanitas. Não é bem uma escola. Não vais aprender a ler e a escrever ainda. Tens 4 anos. Tu podes levar a mochila porque só tem roupa e brinquedos (pirraça- choro, novamente, para a irmã). Mas ainda só é o ATL. O Jardim-de-Infância ainda não começou. Mas é tudo na mesma escola.

Filha
P: Mas, então, ele tem ATL dentro da escola? E come lá? Por que é que eu tenho de comer no ATL? Porque é que a minha escola não tem ATL? Porque é que eu tenho de ir de carrinha?

Silêncio. A minha resposta formal e tranquila é: NÃO SEI! E ponho a música mais alta.

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