quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eles surgem com uma cadência de 5 minutos e farão toda a diferença

Pois parece que o mundo termina amanhã. E eu estou aqui angustiada porque não sei o que vestir. Sim, eu não vou partir para outro mundo em desalinho. Não é com uma calcinha de ganga e tshirt qualquer que serei recordada! Pensei numa saia ou vestido, mas sei lá se o culminar deste mundo não envolve uma explosão ou fenómeno similar passível de influenciar a minha pose final. Não me estou a ver de saias para cima num canto qualquer. Tenho de estar impecável. Sim, eu já pensei na minha morte. Eu sei que é macabro, eu sei que é esquisito mas eu já deixei de tentar convencer as pessoas que sou normal.
Confesso que já imaginei, em pormenor, como seriam as minhas cerimónias fúnebres. E já deixei instruções muito específicas ao meu marido que, não sei porquê, não me leva a sério. Já o informei que espero, no mínimo, duas ou três simulações de desmaio. Para gritos não há limites. É à vontade. Claro que as lágrimas terão de jorrar e no momento em que todos se despedirão de mim, espero que se atire de joelhos em jeito de desespero e dor.
Por outro lado, e porque quero partir em grande, já dei igualmente instruções a amiga próxima para a contratação de figurantes. Não quero uns figurantes quaisquer... só para fazer número. Não! Quero homens LINDOS e que saibam representar. Com uma cadência de 5 minutos, surgem no local onde descansarei para sempre e deverão chorar desalmadamente chamando-me diversos nomes. Não quero nomes fofinhos e queridos. Quer nomes que indiquem paixão! Não são precisos muitos destes espécimes. Bastam 4 ou 5 para o impacto que quero causar. O espanto e surpresa do meu marido, seguidos de raiva farão com que me esqueça rapidamente. Conto que, após um ano ou dois de ausência, seja capaz de sair de depressão profunda e olhar para outra mulher.  Tadinho. Eu quero que ele seja feliz mas...que nunca se desfaça do pequeno altar que fará para mim. Ah...estou mais tranquila! Está tudo assegurado. Sim, porque o mundo não há-de acabar para toda a gente, assim de um momento para o outro. Não há capacidade para gerir tantas baixas. Isto terá de ser por fases.

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