sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Obrigada L.


Ainda antes de terminar a faculdade fui convidada por uma querida professora para colaborar no âmbito das suas actividades enquanto socióloga. Durante mais de dois anos, foram múltiplas as estratégias para nos mantermos próximas. Fiz estágios e gozei bolsas. Passei actos únicos (sim, no plural) e embarquei pela aventura dos recibos verdes. Recebia em dinheiro de portugal e recebia em notas de diferentes cores provenientes daquela Europa, naquela altura mais distante. Escrevia artigos e artigos que enviava para a empresa de tradução e posteriormente por email para uma template, com terminação ".eu". Parceiros Sociais, Negociação Colectiva. Sindicatos. Acordos. Durante algum tempo esta foi a minha linguagem. O meu mundo.



Tinha a minha secretária física no Gabinete de Sociologia do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Acumulava virtualmente funções no European Industrial Relations Observatory. Somava, ainda, o cargo de Assistente na docência da cadeira de Metodologias e Técnicas de Resolução de Conflitos do Curso de Pós-Graduação em Relações de Trabalho da UAL. Perdi a conta aos nomes e funções que acumulei no mesmo espaço de tempo.

Alguns estudos, alguns relatórios e até um esboço para um livro onde fui obrigada a colocar o meu nome. E tantas outras experiências e aventuras… Uma viagem à Irlanda, uma representação com uma placa onde se lia orgulhosamente Portugal. Sandes de beterraba em pão integral que eu recusava educadamente todos os dias… a familiariedade com que ía endireitar o seu Mercedes constantemente mal estacionado… as aulas de inglês que me prôpus a conceder perante a sua angústia pelo domínio do francês em desuso. (Ideia parva que resultou numa regra: falar somente em Inglês, durante todo o santo dia…) Muitos livros, muita reflexão, mas acima de tudo, muita aprendizagem. Tudo terminou com a hipótese de um lugar mais estável. Um lugar que me permitia saber que no mês seguinte, era a mesma entidade que me pagava. O lugar onde estou hoje. Fechei um ciclo e trouxe comigo uma referência profissional mas, acima de tudo, pessoal.

Nunca me foi dado tanto. Nunca me foi proporcionado tanto saber e tantas possibilidades.

Por isso… por tudo isso… foi com muita tristeza que soube que essa mentora desapareceu. Obrigada Luisinha.

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