Ontem, eram umas duas da manhã quando me fui deitar. Como habitual, já no conforto dos meus lençóis polares, fui ler as notícias através do telemóvel. Eis, então, que deparei com a notícia da morte da Whitney Houston... E a única coisa que me ocorreu foi que... lá os desgraçados dos funcionários das televisões deviam estar a ir a correr de pijama para a estação, para fazer o famoso vídeo de homenagem. Eu sei que a minha mente é estranha e que qualquer pessoa, perante este conhecimento, se lamentou por tamanha perda e recordou com pesar músicas e filmes onde a personagem se destacou. Aqui a menina...ao invés, imaginou logo qual seria a designação do cargo ocupado por estes funcionários. Pensei nas suas funções. Imaginei que deviam ter uma listagem de todas celebridades, das mais variadas artes, classificada por ordem de importância. O critério não é a notoriedade, julgo eu. A importância relaciona-se, sim, com a probabilidade da morte. Ora, devem estar no topo da lista, os velhinhos, os adictos, os que já estão doentes e por aí adiante. Consoante a gravidade, inicia-se toda uma recolha de imagens, histórias e quiçá testemunhos. Quando a pessoa falece, lá vai o funcionário (que deve até receber um subsídio de emergência) a correr, envergando um modelito íntimo, só para colocar as datas, incluir as últimas imagens, fazer o alinhamento e acertar a música. Questiono-me como será a avaliação de desempenho destes funcionários. Se produzir o vídeo nas primeiras horas da morte do visado, cumpre o objectivo. Se passar mais de um dia até estar pronto, não cumpre. E para superar? Pode sempre produzir o video antes da pessoa falecer...
A verdade é que esta gente tem um vídeo! Antes, depois, durante... têm um registo. Uma homenagem. Outros tantos, caem no esquecimento. Bom... se me ouvissem cantar a música que celebrizou Whitney Houston, tenho a certeza que não se esqueceriam de mim...
Acho que muitas homenagens e vídeos a quem morre, a notícia a abrir e a fechar telejornais, de uma grande hipocrisia. As homenagens, as peças sobre o que determinado artista deu ao mundo e o quão grato nós estamos e esse tipo de coisas fazem mais sentido enquanto as pessoas estão vivas. Ainda para mais quando há um lado negro que nos leva a pensar que mais dia menos dia "vai-se".
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