quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A minha cabeça ou um ovo cozido é a mesma coisa

Estão preparados?
Uma amiga pediu-me para levar-lhe o filho à escola. Tratei do meu lar e escapuli-me mais cedo. Fiz a auto-estrada, saí um pouco mais à frente do habitual e deixei petiz a tempo e horas em frente ao portão. Virei a curva e parei. Trânsito interminável. Dei meia volta, andei por ruas e ruelas e com menos meio depósito cheguei ao trabalho. Quem esperou por mim desesperou e desistiu. Sem me sentar na cadeira rumei à primeira reunião. Moço simpático assistiu com entusiasmo ao meu discurso fresco e assertivo. Falei e falei até que o telemóvel apitou relembrando-me do compromisso seguinte.  O momento terminou com promessa de futura colaboração. Sorrisos. De novo no carro rumei ao próximo destino. Outra realidade, outro discurso. Aqui ouvi mais, essencialmente. Saí com vontade de carregar aquela gente ao colo e de mudar o mundo... não mudei nada pois veio a hora do almoço. Tarde: reunião seguinte. Outro carro, outra morada.  Com menos assertividade obtive uma resposta rápida e positiva mas recados ríspidos. Encolhi-me na cadeira enquanto a minha colega escorria para o chão. Sorrir e acenar. Sorrir e acenar. Depressa saí dali, com medo de ser acusada da crise financeira mundial. Voltei ao trabalho. Recebi telefonema urgente. Senhora precisa que eu faça um documento para que ela apresente no dia seguinte, de manhã, à sua direção. Sorri e acenei, agora telefonicamente. "Com toda a certeza. Será a primeira coisa que farei logo que amanhã me sente". Reunião seguinte. Carro. Morada conhecida. Gente entusiasmada. Assertividade do meu discurso igual a zero. Sorri e acenei e prometi colaboração. Talvez que seja a segunda coisa a fazer logo que amanhã me sente. Olhei para o relógio e entrei em pânico. "Não vai dar tempo" ecoou no cérebro. Mas deu. Cheguei ao ATL e reuni criaturas. 10 minutos para se iniciar a natação. "Ana, o G. tem hoje Inglês até às 19h00". Soou o alarme de "má mãe"... (eu sabia que devia ter lido aqueles papéis) A voar fui levar a pequena à actividade extracurricular. Lá esperava-a ele. De mochila em punho. Miúda saiu quase em andamento qual personagem dos "Duques" (quem nasceu depois da década de 70, por favor, retire-se). Ah... comprar pão para os lanches! De volta ao carro. E agora acabou o Inglês. Fui buscar o miúdo. E levá-lo à piscina. E agora fiquei sem nenhum. Marido leva-os aos avós e começa todo um outro ciclo. Chego a casa. Fechar estores, preparar mochilas, fazer lanches, tratar roupas. Ah, mas preparei um maravilhoso jantar! Receita: abrir uma embalagem de cereais. Abrir uma embalagem de iogurte. Misturar et voilá! Feito. Hora: 21h45. Marido sai para treino de futebol. Tarefa seguinte: refrescar-me e mudar de roupa. Ir a concerto. E agora pára tudo! Sim, eu comprometi-me a ir a um concerto, com irmã do coração, às 23h00 de um dia de semana. Estou a controlar agora a minha respiração. E agora perguntam vocês: parou-te o cérebro? Não, claro que não! Eu sou uma pessoa jovem! Que luta contra a rotina! Que é amiga do seu amigo! Que aguenta "cenas" e não se cansa. Por favor, visitem-me no meu Instagram, lá pela uma da manhã. Prometo imagens minhas a babar em cima de uma mesa de bar. 
 
Talvez que a terceira coisa a fazer logo que amanhã me sente seja um exercício de auto-fustigação.

1 comentário: