Pessoas das minhas linhas

'Acabou o Natal'. Disse-o assim. De rajada. Em forma de grito. Visivelmente zangada. Master of Universe, decidi aplicar o golpe final. Na verdade, foi um acto de desespero, de recurso último. Com crianças que já não são pequenas mas que ainda não são grandes. O silêncio instalou-se, o tempo passou e ela chamou-me. Pediu-me o pulso e amarrou uma pulseira. Acabada de fazer, com linha verde e agulha de croché, anunciou agora ela. Em silêncio disse 'não acabou nada'. Respirei um pouco e mantive-me teimosamente zangada. Como tenho andado quase sempre. Quase de forma imperceptível mas, zangada. Com um ano que foi demolidor. Com um ano que não me sai da cabeça, dos olhos, da respiração. Com um ano que eu digo que me destruiu mas que sei que não. E com estas 'pulseiras' vou baixando sucessivamente a guarda. Pouso as armas e sou obrigada a admitir. Contra a minha vontade, contra o meu desejo de pintar tudo de preto, tive muitas linhas verdes, feitas à mão, amarradas no meu pulso. Não acabou o Natal. Vai agora começar. 

Pessoas das minhas linhas: momentos felizes para vocês!