Estranhas dores

Às vezes dói-me o braço. Quer dizer, dói-me toda a zona esquerda superior. Começa pelo ombro, estende-se à omoplata, influencia o movimento do braço e compromete a respiração. É assim uma coisa tipo descarga eléctrica. Começa, espalha-se e assusta. Lembro-me de sentar na cadeira do Pneumologista e perguntar muitas vezes. "Mas os pulmões estão mesmo bons? Não tenho nenhum problema respiratório? Tem a certeza? Onde tirou o curso" E as respostas pausadas anunciavam o problema que o meu subconsciente já conhecia- É uma espécie de resposta fisiológica a um estado de ansiedade- "E o meu gato? Não fazem mal os pêlos? Não serão pêlos nos pulmões? Não podem entrar pêlos pelo nariz? Posso dormir com gato? Tem a certeza que não é do gato? Onde tirou o curso?" E as tais respostas... pausadas... irritantes. Parece que o problema sou eu e não o gato. Bolas! Ontem lá apareceu a dor. Nem dei por ela. Estava irritada. De saltos altos, noite escura e calçada portuguesa enfiada pela escassa palma dos pés, cheguei ao destino. Um compromisso profissional a que acedi por minha iniciativa. Paguei e fui. Enriquecer-me. Caminhei uma distância que durou quinze minutos sobre chuva. Tempo contado e destreza nos membros inferiores. Finalmente cheguei. Guarda chuva numa mão, mala noutra, caderno em punho, telemóvel em alerta e... não é aqui!!! Li melhor. Pisquei os olhos. E li outra vez. A quinze minutos do inicio, estava na outra ponta da cidade. Começou a dor no braço. Apanhou o ombro, atingiu a omoplata. Instalou-se. Acho que me ri. Só eu! Fiz o caminho de volta. Mais quinze minutos. Liguei o GPS. 24 minutos calculados para a rota certa. "Ainda consigo" e sorri perante o meu optimismo irrealista. Cheguei ao carro. Liguei os meus super poderes. E iniciei o desafio. Virei a curva. Fiquei parada 35 minutos naquela rua. Só naquela rua. Completamente parada. Sabem que mais? Passou a dor no braço. Acho que subitamente curei-me sozinha. E ri-me sozinha!

Acho que encontrei uma nova patologia.....