segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Só pelo prazer da escrita #2 Tentações

A Raquel desafiou-me. Num exercício de puro prazer, elaborou uma lista de temas. Assuntos, palavras, ideias mirabolantes...  Um mote, escrito a duas mãos. Fui a primeira a escolher. Fi-lo com estratégia. Olhei para as hipóteses e escolhi a mais prática. A que conseguia descrever através de uma história. A minha história. Foi fácil. Olhei para trás e contei. Há dias presenteou-me com o mesmo bocadinho de si. Tão diferente. Sorri ao ler a Raquel. Aquela que só conheço pelas letras e personalidade que adivinho pelas imagens. A Raquel devolveu-me o texto e a nossa segunda palavra. Tentação. Reagi no mesmo minuto. Soltei um xiiiii... Tentação!!! Teria eu letras para descrever? Teriam vocês tempo para ler? Pior! Iriam vocês perceber?
A minha primeira tentação foi escolher outra palavra. Esse teria sido o caminho mais fácil. Mas como eu gosto de um caminho difícil... A segunda tentação foi escrever sobre a tentação imediata. A de ceder à fácil compensação que a comida me proporciona. Mas seria mais uma vez, uma opção demasiado linear para o meu gosto. Então, cedi à minha tentação. A mais profunda. A da partilha. A de escrever sobre aquilo que verdadeiramente inquieta. E esta é a história de uma pessoa que vive em luta. Num combate silencioso consigo própria. Falo de mim. Que peço desculpa  constantemente. Por aquilo que faço. Por aquilo que não faço. Por aquilo que nem pensei fazer. Desculpa por incomodar e desculpa por nada dizer. Quase desculpa por existir. Num esforço constante de agradar. E depois apercebo-me e já não digo nada. Com som brasileiro sai o meu mantra 'eu sou mais eu' mas... a tentação está lá sempre à espreita. E eu sei. Que não é um desculpa por existir. É um desculpa porque vale a pena. Por quem vale a pena. Esta é a minha verdadeira tentação. A de olhar para mim própria como necessitando de lutar pelo meu espaço, quando na verdade já o ganhei. O resto? São variantes.

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