terça-feira, 3 de junho de 2014

Manifesto

Eu prometo que não escrevo aquela palavra que começa com um "l", com terminação em "vro" e um "i" lá para o meio. Mas, mesmo não falando daquele objecto, feito de papel, com capa e contra capa e letras, muitas letrinhas, tenho de aludir ao mesmo para vos explicar os factos que dão corpo ao presente manifesto. 

Isto é assim:
Os amigos dizem que eu não ligo, não respondo a mensagens e blábláblá. 
A família enaltece o feito como se eu carregasse uma medalha olímpica ao peito. 
No trabalho, referências são feitas às quantias avultadas de dinheiro que supostamente recebo. 

Ora, passo a explicar:
Mantenho-me como uma funcionária pública que conta os dias até ao próximo carregamento salarial, ao mesmo tempo que rezo para que não se lembrem de cortar mais um qualquer imposto cuja percentagem não consigo calcular.

Ainda vivo num apartamento partilhado com mais três pessoas, um gato e, de quando em vez, piolhos.
Neste momento estou glamourosamente vestida com umas leggins vermelhas e uma blusinha de alças, cor-de-rosa. Um fascínio, portanto.

O jantar que sirvo envergando um avental com animais da quinta é, nada mais, nada menos do que composto por costeletas e batatas assadas. Ah! Esperem! Temos hoje sumo de laranja de pacote. Ui!
Portanto, pessoas que julgam ascendi a uma classe superior: enquanto eu tiver de ir comprar frango aos pedacos, aspirar a casa, passar a ferro e levantar o rabo de manhã para ir trabalhar... não me falem de cenas de gente famosa. Tá?

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