domingo, 27 de julho de 2014

Confesso-me. Ainda sou

Pronto. É mentira. Não sou uma adulta serena, em véspera de férias. Sou aquela criança que viajava rumo ao Algarve, num carro partilhado apenas com metade dos irmãos, enquanto os outros seguiam de autocarro ou comboio. Eu era a menina. Fui sempre a menina que carregava a almofada para o banco traseiro e ajeitava-se no perfeito lugar. Aquele que permitia que o meu pai me fizesse festinhas enquanto conduzia com mestria e com recurso a apenas metade de si. Fui sempre a menina que nadava em cima das costas dele, fora de pé- na segurança que melhor conheci. Aquela que mergulhava nas ondas como os rapazes e que preferia o mar ao corpo inerte sob o quente sol. Fui sempre a menina que chegava a casa a somar mais voz à música de sempre "um, dois, três... já cá estamos outra vez!". Ainda sou essa menina. Que se finge crescida mas que, no fundo, anseia por dias com os pés descalços, sem horários, sem pressas e com as mesmas festinhas no caminho. Seja ele qual for.

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