domingo, 17 de agosto de 2014

Um bocadinho déprê

Os anos vão passando e conseguimos, normalmente, encontrar padrões. Em determinado mês sentimo-nos mais tristes, noutra altura mais alegres. Temos concentrações de aniversários em dado momento, ansiamos por certa época festiva ou ficamos cansados de uma estação do ano específica. Eu, claramente, destacava em mim a ânsia do fim do verão. Todos os anos era igual- cansada das férias ía com alegria para o primeiro dia de trabalho já a sonhar com a compra do material escolar e com os tons quentes da estação fria. Era o meu ansiado "ano novo". Era. A poucas horas de dar por terminadas as minhas férias tenho a certeza da mudança dada. Já preparei a roupa que irá preencher o meu corpo amanhã e não sei se a minha pele vai conseguir respirar. Duvido, até, que os meus pés se aguentem numa altura esquecida. Tenho o corpo moreno como nunca tive e não me recordo da última vez que usei um relógio, umas calças ou uns sapatos, até. O padrão interrompeu-se e desejava, também amanhã, mergulhar os pés na água fria e sentir os raios de sol nas pálpebras fechadas. Sei que caminharei arrastando-me lentamente e dando conta da passagem de cada minuto, cada hora. Mas também sei que caberá a mim manter o espírito ora presente na rotina que depressa se instalará. [Antes que este esquecimento dê lugar ao outro esquecimento]. 


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