sábado, 13 de setembro de 2014

[Não é a morte do amor. Mas a anestesia da realidade]

Às tantas ele escreveu "o problema do casamento é que acaba todas as noites depois de fazer amor e tem de se voltar a reconstrui-lo todas as manhãs...". {*} Lembrei-me desta frase sublinhada enquanto assistia à alegria dos noivos. Questionava-me em silêncio se já saberiam disto. Há 12 anos eu não sabia. Acreditava naquele amor dos filmes, naquele amor que nos põe a suspirar com a melodia certa ou choramingar em cada casamento que assistimos. Acreditava que o amor era, apenas, espontâneo. Existia por si e alimentava-se porque assim bastava. Não é todas as manhãs que precisa de cuidados. É em todos os segundos. Atenção constante. Atenção consciente. 

Em jeito de brincadeira, numa mesa farta, disse mais tarde "já não choro em casamentos". Não é bem verdade. Choro, mas menos.
{O Amor nos Tempos de Cólera, Gabriel Garcia Marquez}

2 comentários:

  1. que bonita frase! é mesmo verdade, o amor é como uma semente, temos de tratar dela todos os dias!
    beijos

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