Os meus pais nunca foram pais de castigos. A consequência era rápida e dolorosa mas depois passava. Assunto arrumado. Fungava-se um bocadinho, baixava-se as orelhas e pouco depois estávamos prontos para outra. Talvez por isso, eu hoje não seja muito boa com castigos. [Nem com aquela dor física, na verdade.] Mas com os castigos sou mesmo má. As semanas nunca são semanas, os brinquedos são sempre devolvidos e dou abraços e beijinhos mais depressa do que se apaga a minha memória. Lembro-me agora do copo e do choro programado. O castigo agora foi sério e prolongado. E eu estou aqui. A contar os minutos daquilo que é suposto durar mais do que umas horas.
Lembro-me do copo pois pergunto-me onde pára aquela miúda...
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