sábado, 8 de novembro de 2014

Maternidade (s)

É tão simples quanto isto: como pais, não queremos que eles sofram. Não queremos que tenham febre, que lhes doa a barriga ou a garganta, não queremos que caiam ou que deitem sangue. Não suportamos que sejam postos de parte, gozados ou injustiçados. Tememos uma dor de amor, para a qual ainda foi inventado analgésico... Ansiamos pela sua eterna proteção. Quando disse à minha mãe que estava grávida pela primeira vez, estranhei o seu ar preocupado. Não vi uma ponta de alegria e essa ideia perseguiu-me. Entristeceu-me, na verdade. Quando a vi imediatamente depois de ser mãe, percebi. Chorava. Temia por mim. Pelo risco inerente, pelas minhas dores, pelas minhas expectativas. Não queria que eu sofresse. Estava a ser mãe e ainda não avó. Mas não somos só mães dos nossos filhos. Somos mães dos nossos pais, somos mães dos nossos irmãos. E hoje senti-me assim: mãe dele. Daquele homem feito, pouco mais novo do que eu. Sorri-lhe sempre ao mesmo tempo que fazia um discurso encenado de segurança e normalidade. Por dentro, estava igual à minha mãe. A chorar baixinho enquanto apelava à minha fé, enquanto suplicava a vigia do meu pai. A minha sobrinha nasceu e nasceu {de novo} também o meu irmão. Parabéns❤️


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