quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A vida ao contrário [como devia ser]

Bastaram-me cinco minutos. Tinha tudo pronto. Mochilas, sacos, roupas, comidas, banhos e sei lá mais o quê. Fiquei assim, de repente, num vazio. Coloquei a mala no ombro e abracei o meu filho. Queixei-me, na verdade. Há muito tempo que não abraças a mamã. Talvez não fosse há tanto tempo assim. Mas senti que era demasiado para mim. Assim, à porta, a segundos de sair, com a cabeça loira no meu queixo, ouvi-o. Estás sempre a trabalhar. Não páras. Acho que o abracei com mais força. Acho que me abracei, na verdade. Consolei isto que tenho sentido. Que estes tempos não me servem. Que estes tempos estão mal contados.

Agora alguém se diverte na cozinha a fazer bolachas com pepitas de chocolate. 
O jantar será algo pré-cozinhado. Cheira a chá e a essência de baunilha.
Não vou passar a ferro. Não arrumarei as camas que daqui a pouco serão ocupadas. As mochilas, lanches, almoços, roupas e afins... Só depois de abraços demorados. E beijos. 

4 comentários:

  1. E assim de vez em quando, (quando não pode ser sempre) faz bem quebrar as regras. Eu também o (me) abraço sempre que posso. Sabe-me pela vida. bjs

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  2. Esta vida que nos apresenta as voltas todas trocadas... quando devíamos ter mais tempo para a família é o que menos temos! Horários de trabalho incompatíveis com quem quer ser pai/mãe! Que não nos dão tempo de acompanharmos todas as conquistas dos nossos filhos...
    E esses abraços curtinhos, mas sentidos, sabem tão bem!!

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