domingo, 22 de novembro de 2015

Nunca mudas em mim

Não sou a mesma mãe para os meus filhos. Não sou mesmo. Quando ela nasceu eu não sabia nada de nada. E tinha medo do nada que não sabia. Movia-me por tentativa e erro. Passava noites acordada e dias (...) e tentava, com toda a força do meu ser, adivinhar os fundamentos de cada choro sem palavras. O amor inundou-me como se preenchesse uma bolsa de ar que nunca mais viverá sem esse sopro. E eu era assim. Cuidadosa, cautelosa, ansiosa e, simultaneamente, forte e segura- como quem cuida é. Era essa mãe e fui essa mãe para ela. 
Quando soube dele, era já outra pessoa. Sabia o que esperava. No parto, tomei outra atenção. A serenidade deu-me outra experiência. Levantaram-me até ao ponto exato onde o consegui ver a sair de mim. Chorei muito. Mas já não estava assustada. Não era mesmo, a mesma. Cuidadosa, cautelosa mas, descontraída.   O único medo que me perseguia era o de não gostar do segundo como do primeiro. Coisa de mãe. Mas como num choque daqueles violentos, sente-se um embate inicial e uma onda que nos inunda. Rápido e lento, ao mesmo tempo. Que nos move o corpo e pára. O amor instala-se. O medo foi uma coisa que durou meses e esvaneceu-se em segundos. Bastou-me vê-lo. Senti-lo. Cheirá-lo. O meu homem pequenino. 

O meu filho faz hoje 9 anos. Ninguém diz. É alto. É enorme. Um matulão de gente. É gigante e minúsculo para mim. É o meu bebé. Cheiro-lhe o cabelo, aninho-me no seu pescoço e ainda o vejo ao meu colo ou a dizer "não xei", "não conxigo", "outa vex". 
Não sou a mesma mãe, nem eles são os mesmos filhos. 
Eles vão mudando. Eu vou mudando. Mas eles nunca mudam em mim. 




Parabéns, meu bebé.


3 comentários:

  1. Muitos Parabéns ao Filho e à Mãe!!!
    Quando tive o meu segundo filho senti exactamente o mesmo... mas cheguei à conclusão que amor de Mãe não se divide, multiplica-se!
    Bjs

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