sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"É a tua última oportunidade para veres as minhas cuecas"

Há momentos na nossa vida em que se faz luz...é nitidamente um cliché barato mas, é que é mesmo verdade! Hoje, éramos 8: 4 adultos e 4 crianças. Quando a minha sobrinha (7 anos), a alto e bom som diz para o meu filho (4 anos), "é a tua última oportunidade para veres as minhas cuecas", eu pensei "talvez não possamos voltar aqui". E, aí, eis que se consolidou uma ideia que há muito flutua na minha mente. Em jeito bem americanado, faz falta a Portugal, a todos os pais desesperados, às crianças (e a muito mais categorias que agora não me ocorrem), uma cadeia de restaurantes familiares. E, porque eu tenho amor ao meu país e tenho compaixão por todos os que passam por este tipo de situações, perdi um bocado de tempo (10 minutos) a pensar nisto.
Todo o conceito gira em torno do bem-estar. Bem-estar dos pais, óbvio. Mas as crianças não saem a perder, não! Então, vamos lá. Pensei em algo circular, envolvendo uma cerca (julgo que acrílico é um bom material). Uma zona insonorizada, cheia de brinquedos e divertimentos e, simultaneamente, espectaculares monitores que dão à boquinha dos petizes, uma fenomenal sopa caseira, seguida de pratos saudáveis e apetitosos. A seguir à frutinha, ou com sorte geladinho (neste Verão, o famoso MAX), todas as crianças são convidadas a entrar em jogos e brincadeiras altamente salutares e pedagógicas orientadas pelos monitores que, em caso de baixa lotação do restaurante poderão, eventualmente ajudar nos trabalhos de casa (e já estou a divagar). E onde estão os pais? Sentados confortavelmente num piso superior, com música ambiente, munidos de álcool e comida de adultos. Não são permitidos babetes, cadeiras de bebé, adaptadores ou carrinhos, não existem birras, sopa cuspida ou frases como:
"Come a sopa";
"Não comas só batatas";
"Senta-te direito na cadeira";
"Queres fazer chichi? Tens a certeza?";
E a minha preferida "1, 2...".
Só se ouvem risos suaves, conversas agradáveis e, tudo num ambiente que emana tranquilidade. Ah! Mas desse piso superior pode-se espreitar para a tal zona circular do piso de baixo, insonorizada e...distante. Mas não é necessário. Cada criança terá uma pulseira identificadora. Qualquer problema (quando digo problema, tem de envolver sangue ou algum membro partido) é accionada uma pequena luz ténue na mesa dos papás que poderão contactar os monitores responsáveis. Poderão. Também podem decidir não o fazer e aguardar pelo final do serão para se enteirarem do sucedido. É um mundo de hipóteses!
Tenho a certeza de que este é um conceito de sucesso...já me vejo a estabelecer critérios para o franchising...mas, parece que é preciso uma coisa....como é que se chama mesmo? Ah...é CAPITAL.

1 comentário:

  1. Estou eu numa noite igual a tantas outras, uma noite de passeios pela net e eis que dou com algo que me faz abrir os olhos que já tinham encerrado o expediente. Dou com algo que me fez pensar: alguém está louco, alguém perdeu o último parafuso que lhe restava, alguém deveria estar a escrever no seu diário em vez de estar neste local tão público. E eis que afinal é só Marketing! Alguém apenas quer vender a sua ideia megalómana, diria mais, uma ideia extraordinária, é aquilo de que qualquer pai está à espera, um local para poder ter paz e sossego enquanto janta, o pior é que alguns não passariam no R/ch para reclamar a tal criança que à entrada tratava por filho.
    Mas voltando ao assunto que me trouxe aqui, tudo isto começou porque meus olhos leram "É a tua última oportunidade para veres as minhas cuecas", e claro que pensei " Tenho aqui coisa para ler", e eis que não passam de palavras inocentes ditas por duas crianças! Como é bom ser criança e poder dizer a cada momento as palavras que nos voam na alma. Afinal o crescimento humano apenas nos traz poluição ao pensamento, como é mau ver nas palavras apenas o lado da sua sombra!

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