Mensagens subliminares

Todos nós já reconhecemos estratégias publicitárias mal engendradas. Não há telenovela nacional que não exiba uma embalagem de shampoo com especial fervor ou mesmo um serviço bancário que extrema relevância para a trama em questão. Quando a coisa é pouco natural, é espontânea a nossa reacção negativa. Faz-me sempre lembrar aquela rábula do Herman José em que ele e o José Pedro Gomes, exibiam produtos para venda, sempre com uma expressão inalterada, sob o lema "embora Mike?". Isto tudo para dizer que, os meus sonhos estão, também eles a ser inundados por mensagens encapotadas. Qualquer circunstância do meu subconsciente mete um mil folhas ao barulho. Se estou a sonhar que estou a andar de bicicleta, aparece o bendito bolo, equilibrado no guiador. Se viajo por entre vastos campos, lá está, entre vagens e flores, o apreciado alimento. Não há sonho que aconteça que não associe qualquer acontecimento projectado à feliz construção de folhas, sobre folhas, intermediadas por um doce creme, culminando num glorioso chocolate. A primeira noite estranhei e esqueci. Na segunda noite nem sequer me recordei mas, agora que planeio dormir e que reparo na tendência que se repete... Tenho argumento para dizer: é caso, Mike, para respeitar o recado.

Agora reflicto: talvez deva comer mais do que sopa à noite. Talvez.